domingo, 21 de dezembro de 2008

A quem interessa a GUERRA CONTRA O NATAL?

Meditações sobre a resistência às menções bíblicas do nascimento de Jesus

Joubert de Oliveira Sobrinho

Você já percebeu que existe uma contrariedade crescente às comemorações natalinas? Notou que cada vez mais existem pessoas que fazem questão de dizer que, para elas, o Natal não significa nada?

Há anos ouço cristãos justificando suas posições contrárias ao Natal. De vez em quando alguém me procura dizendo que acabou de descobrir “algo de podre” na comemoração natalina, um veneno escondido...

Certa ocasião uma líder de classe infantil contrariou toda sua liderança ao decorar o salão de cultos com motivos especialmente desvinculados da data: o vermelho e o verde foram trocados por prata e preto; as guirlandas foram substituídas por outros penduricalhos que não lembrassem a data; o pinheiro foi execrado e expulso do ambiente, os arranjos de bolinhas e as luzes foram usados com muita economia e por misericórdia. Questionada, a irmã descreveu, em tom de quem tinha desarmado uma milenar conspiração anticristã, que havia “descoberto” de onde vinham os símbolos de Natal: o dia 25 de dezembro era o dia da comemoração do deus sol, as cores verdes e vermelhas lembravam o papai-noel, a guirlanda era usada para afastar maus espíritos nas casas antigas, a árvore, além das referências negativas, tinha o “formato” que beirava a idolatria e assim por diante.

Desde então os mais variados argumentos são usados pelos irmãos para contrariar o Natal:

· A “Estrela”, que apareceu a astrólogos pagãos, não aos pastores; conduziu-os a Herodes, que tentou matar Jesus. Portanto, a estrela não era de Deus!

· Dar presentes, como parte do Natal ou da Epifania (dia dos reis magos), imita astrólogos e outros pagãos; os pastores simplesmente deram glória a Deus (cá entre nós, bem que poderiam ter levado algum presentinho...).

· Jesus ordenou que guardássemos somente os sacramentos da Ceia e do Batismo, não o seu nascimento... (pois bem, cancelem todos os feriados, cultos e festas de aniversário de igreja, de ministérios, dos parentes, etc.).

· Os pais da igreja não concordavam com a comemoração do Natal...

Muitos destes irmãos se tornam “inimigos do Natal” após ler ou ouvir a respeito em periódicos, livros ou ministrações de outras igrejas e, sem perguntar aos seus pastores, introduziram suas famílias na rejeição à data. Alguns se revoltam contra a liderança de suas igrejas, principalmente quando alguma programação natalina é preparada. De repente o pastor descobre que em sua igreja há famílias que não compram sequer um panetone, para não dar o braço a torcer...

Guerra contra o Natal na sociedade

Do ano passado para cá tenho colecionado artigos dos periódicos que mostram a crescente rejeição ao Natal fora da igreja. Encontrei estas descrições e comentários:

· Na Inglaterra existe um movimento que alguns chamam de “Guerra contra o Natal”. Esse movimento se expande pela Europa e EUA.

· Os Correios britânicos lançaram a sua tradicional série comemorativa de selos de Natal sem quaisquer referências ao nascimento de Jesus. Eles driblaram as referências – o menino Jesus, Maria e José ou qualquer outro elemento religioso. A série deve ter apenas motivos de inverno com homenzinhos de neve e renas.

· Recentemente, foi divulgada uma pesquisa que afirmava que mais de 74% dos empregadores britânicos decidiram abolir a decoração natalina dos escritórios por medo de ofender os não-cristãos.

· O Natal, que evoca o nascimento do Cristo, o evento fundador da história e da fé cristãs, acabou se tornando politicamente incorreto na sociedade multicultural de hoje, a tal ponto que seja necessário evitar pronunciá-lo.

· Segundo o jornal-tablóide "The Sun", em mais dos três quartos dos escritórios londrinos, as decorações de Natal teriam sido desaconselhadas, e até mesmo proibidas. Na comuna de Luton, Natal recebeu o novo nome de "Luminous" (luminoso, brilhante). Em Birmingham, o nome foi substituído nos documentos administrativos por aquele de "Festa do Inverno".

· Na Espanha, em Saragoza, um estabelecimento escolar proibiu a recitação de poemas e os cânticos de Natal.

· A própria Itália não escapa desta onda, em Bolzano (Trentino-Alto Adige), numa escola-maternidade, as docentes decidiram neste ano evitar todo canto de Natal.

· "As cenas da Natividade e as decorações de Natal se tornaram tabus nos Estados Unidos", deplora a associação Family Research Council (Conselho de Estudos da Família).

· Será que vai ser preciso dar um novo nome ao Natal? Cada vez mais, em muitos países do Ocidente, a celebração do nascimento do Cristo é substituída por votos de festas "politicamente corretos", para não incomodar fiéis de outras religiões.

O que devemos nos conscientizar a respeito do Natal

· O aproveitamento comercial que se faz da data.

O interesse pelo consumo e pelo lucro é a razão principal do comércio. A data é propícia para estimular as compras, portanto, o Natal interessa pelo retorno econômico-financeiro que produz e não pela mensagem de nascimento do Salvador. Bom é que o cristão use do domínio próprio e não se entregue às dívidas feitas pelo descontrole nos gastos.

· Jesus não nasceu em 25 de dezembro.

O texto bíblico informa que os pastores estavam cuidando de seus rebanhos no campo. Certamente não o fariam em dezembro por causa do intenso frio nesta data. Portanto, o tempo propício para este tipo de cuidado está entre Abril até, no máximo, setembro.

· A figura do papai Noel usurpa a pessoa de Jesus

Isto é fato evidente. O papai-noel é a figura que mais aparece nos dias natalinos. Você pode encontrá-lo nos folhetos de propaganda, nas portas das lojas, assentado num trono nos Shoppings, estampado nas embalagens dos produtos, representado nos filmes, tocando instrumentos nas portas dos bancos, assentado nos telhados das casas, subindo em prédios como um homem-aranha, vestido com um gorro e um grosso casaco de punhos e gola de pele descendo por lareiras em pleno verão em casas de país tropical, etc.

Estudiosos afirmam que a figura do bom velhinho foi inspirada num bispo chamado Nicolau, que nasceu na Turquia em 280 d.C. O bispo, homem de bom coração, costumava ajudar as pessoas pobres, deixando saquinhos com moedas próximas às chaminés das casas. Tenho a impressão de que se o bispo Nicolau pudesse se manifestar ao mundo de hoje, logo condenaria a figura do papai noel, explicando que toda bondade que praticou era fruto de seu amor pela obra e caráter de Cristo, seu Senhor.

· A escolha da data foi proposital para substituir uma festa pagã.

Na estratégia de levar todo culto a Jesus, a Igreja do século IV substituiu as festas das culturas ancestrais que comemoravam o solstício de inverno, com adoração do deus sol e expectativa de boa sorte na agricultura, pelos símbolos e figuras bíblicas. Na antiguidade, tais festas significavam uma virada das sombras para a luz - o renascimento do sol. Como as mensagens podiam ser adaptadas e transferidas para Cristo, passaram a chamar a festa de 25 de dezembro (dia do nascimento do deus-Sol) de dia do nascimento do filho de Deus.

Estas razões são suficientes para apagarmos o Natal do calendário?

Será que o fato de nos conscientizarmos destes dados é o suficiente para que nos desliguemos de toda menção ao Natal em nossos lares, igreja e sociedade nos dias de hoje?

Quanto a utilização das datas de festas pagãs, por mais que se questione esta atitude dos pais da igreja do século IV, se pensada em nossos dias, temos que admitir que a estratégia foi um tremendo sucesso. Tem durado por mais de mil e setecentos anos a ponto de, no Natal, ninguém mais se lembrar de certo deus sol ou solstício de inverno ou quaisquer dos deuses pagãos, não é verdade? Pelo contrário, o Jesus da história, tanto está incrustado nela que seus símbolos – oriundos das Escrituras – estão presentes até hoje: o bebê na manjedoura, José e Maria, os pastores, a estrela, os magos, etc.

Vamos pensar o ocorrido no século IV de outra maneira. Digamos que uma determinada família seja totalmente devotada à magia e feitiçaria. Durante décadas esta família se reúne no domingo para cultuar seus deuses enquanto se banqueteiam em sua adoração pagã. Suponha, porém, que o chefe daquela família se converta a Jesus e com ele muitos de sua casa. Agora ele resolve tornar o domingo um dia de adoração e louvor a Jesus, seu Salvador. Ele argumenta: - Passei toda minha vida cultuando falsos deuses, agora vou transferir toda minha devoção ao Senhor Jesus! Mesmo que alguns de minha família ainda não tenham se convertido a Jesus, vou adorá-lo e fazer festa para Ele no domingo! Como você pensaria? Recomendaria que ele mudasse a data? Que não fizesse nada? Ou ficaria feliz com ele e sua família pela transformação que o Senhor operou em sua vida? Eu ficaria com a última opção. Que importam as trevas de onde ele saiu se hoje ele pertence a Deus e exalta a Jesus? Que importa ele cultuar ao verdadeiro Deus no mesmo dia que ele cultuava seus falsos deuses antigos? Que importa que ele se alimente dos alimentos dantes consagrados aos deuses e hoje consagrados a Jesus com gratidão?

Sabem de uma coisa? Séculos depois alguns “pesquisadores” vão dizer: - Sabem de onde veio aquela festa familiar de domingo? Veio das práticas de feitiçaria e magia dos antepassados, blá, blá, blá...Amados irmãos! A grande pergunta: E daí?

Algumas razões para não rejeitar o Natal

Apesar de tudo, nenhuma destas razões é forte o suficiente para que descartemos a oportunidade que a tradição nos deixou para despertar as pessoas para a real mensagem do Natal.

· O nascimento de Jesus é um fato histórico relatado nas Escrituras Sagradas, tanto nas profecias do Antigo Testamento quanto na descrição de seu cumprimento no Novo Testamento. Não é uma tradição imaginada ou criada para complemento da fé:

Portanto, o mesmo Senhor vos dará um sinal: eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel. {que é Deus conosco}, Is 7.14

Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o principado está sobre os seus ombros; e o seu nome será Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz. Is 9.6

Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se ajuntarem, achou-se ter concebido do Espírito Santo. Mt 1.18

E subiu da Galiléia também José, da cidade de Nazaré, à Judéia, à cidade de Davi chamada Belém (porque era da casa e família de Davi), a fim de alistar-se com Maria, sua mulher, que estava grávida. E aconteceu que, estando eles ali, se cumpriram os dias em que ela havia de dar à luz. E deu à luz o seu filho primogênito, e envolveu-o em panos, e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem. Lc 2.4-7

· A mensagem bíblica imediata que corresponde ao Natal é chamada de encarnação:

E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade. João 1.14

· O nascimento de Jesus foi chamado por Paulo de “a plenitude dos tempos”:

mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, Gálatas 4.4


· A mensagem do verdadeiro natal inspira e edifica os homens.

Muitos artistas, inspirados nos eventos natalinos, compuseram obras que exaltam a Jesus (pinturas, músicas, literatura, etc.).

· É mais uma oportunidade para a igreja exaltar a pessoa de Jesus Cristo diante do mundo.

Durante as festividades natalinas, muitos ministérios aproveitam os corações sensibilizados para levar o evangelho do reino. Corais das igrejas cantam nos shoppings exaltando a Jesus, corais com músicas natalinas fazem “serenata” nas madrugadas em frente às casas dos irmãos para deleite (da maioria) dos vizinhos, bandas, sinfônicas exaltam a Jesus com música, grupos de teatro representam a noite natalina, etc.

· Não devemos nos unir aos que desprezam o natal e rejeitam a Cristo.

A realidade é que muitos irmãos estão involuntariamente apoiando o movimento de rejeição ao Natal e, por conseguinte, a Jesus Cristo, fazendo coro com os movimentos Nova Era que pregam o pluralismo – que se mostra tolerante com todas as religiões e intolerante ao extremo com os cristãos e sua fé. No fundo eles se revoltam contra Jesus Cristo, o Senhor e querem tirá-lo de evidência, pois Ele é o Caminho, a Verdade e a vida.

· Uma das ações do anticristo será mudar os tempos e a lei:

E proferirá palavras contra o Altíssimo, e destruirá os santos do Altíssimo, e cuidará em mudar os tempos e a lei; e eles serão entregues nas suas mãos por um tempo, e tempos, e metade de um tempo. Daniel 7:25

Hoje contamos o tempo tendo como referência o nascimento de Jesus: d.C. – depois de Cristo e a.C. – antes de Cristo. Essa é uma das grandes marcas da influência que Jesus deixou na História. Nada mais “natural” que o anticristo, cujo espírito já opera no mundo, queira apagar a memória de Cristo da História, retirando os fatos de sua vida dos calendários dos povos da terra. Mudando as festividades do Natal para “Festas de fim de ano” ou “Luminoso/Brilhante”, já será um grande passo para posteriormente retirar a Páscoa e assim por diante.

A quem interessa a guerra contra o Natal?

Amados irmãos, antes de assumirmos posturas radicais, busquemos o bom senso, o equilíbrio e as brisas da verdadeira liberdade que emanam da Palavra de Deus, submetamos-nos ao Espírito Santo e não às conclusões apressadas pelo excesso de zelo que é tão prejudicial quanto sua ausência.

Não estamos defendendo datas ou comemorações. Em Jesus estamos acima de dias ou rituais. Natal para nós é todo o dia em que Jesus nasce no coração de alguém que o recebe fruto de nosso trabalho em amor e obediência. É isso que O agrada e alegra.

Agora você pode responder a pergunta tema deste artigo. Se o movimento esotérico da Nova Era – que tem todo o interesse em lançar o Natal no esquecimento - puder contar com o apoio de parte da própria igreja, as coisas ficarão ainda mais fáceis para eles. Não é coerente lutar em favor do reino inimigo. Você ainda pretende conscientemente contribuir com eles?

Quando o Natal chegar lembre-se que você deverá estar definido e posicionado em relação a este assunto. Como a verdade liberta, procuremos a liberdade a que Paulo se refere:

Sou um homem livre; não sou escravo de ninguém. Mas eu me fiz escravo de todos a fim de ganhar para Cristo o maior número possível de pessoas... Assim eu me torno tudo para todos a fim de poder, de qualquer maneira possível, salvar alguns. Faço tudo isso por causa do evangelho a fim de tomar parte nas suas bênçãos. 1Co 9.19,22,23 - BLH.

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