domingo, 24 de janeiro de 2010

Do cuidado contínuo com o fundamento bíblico dos pastores e líderes


Saudações aos amados em Cristo.

Joubert de Oliveira Sobº

Tomo a liberdade de tecer algumas considerações sobre a necessidade de recursos para o aprofundamento bíblico de nossos pastores e líderes, tendo em vista os desafios de nosso tempo em que cresce a resistência ao pensamento cristão e a frustração de muitos cristãos com a “igreja”, seja qual for a natureza que imaginam para ela. De nossa parte somos uma igreja que o Senhor reestruturou após um grave desvio teológico (dentre outros menores) e, por necessidade e coerência retornamos aos fundamentos da Palavra de Deus, às doutrinas básicas da fé cristã procurando enxergar e entender a nossa identidade (foco de nosso trabalho atual).

Natureza contínua do cuidado doutrinário

Embora a questão doutrinária pareça algo resolvido, chamo a atenção dos irmãos ao aspecto contínuo que, por sua natureza, este trabalho necessita. As demandas de nosso tempo, novos desafios e desgastes "naturais" dos ministérios constantemente põem em risco as doutrinas básicas da fé cristã que, não raro, acabam desprezadas durante nossa labuta com outras prioridades.

Ouso afirmar que nem todos os pastores e líderes estão bem fundamentados nestas doutrinas básicas a ponto de recorrerem a elas quando a ventania aperta no mar aberto do ministério. Nestes casos muitos acabam recorrendo a outros fundamentos estranhos mais condizentes com o estado do coração do que com as Escrituras.

Crise de ansiedade por não saber

Quando eu era criança (minha mãe se divertia contando isso para todo o mundo...) com 4 ou 5 anos, encontrei-me numa crise de ansiedade. Um dia na hora do almoço, expressei-a dando um grande suspiro e dizendo como se fizesse um grande e dolorido esforço: - Como vou fazer para tirar meus documentos???!!! Meus pais riram muito e tentaram me acalmar dizendo que, quando eu estivesse mais crescido, eu iria a lugares na cidade próprios para isso, etc. e tal. Eu desconhecia e, por isto, sofria. Sem necessidade.

Tenho visto que muitos dos incômodos e questionamentos atuais de líderes da igreja estão no desconhecimento e no distanciamento da história e dos fundamentos da fé expressos nas Escrituras. Muitos entendem suas crises atuais como novidades nunca dantes vividas sendo que muitas destas questões já foram respondidas há séculos por alguém que se preocupou em esclarecê-las e documentá-las. Só falta saber onde se encontram.

A profundidade de um pires

O Pr. Paulo Oliveira, ao pregar na Família Campo Belo, mencionou que, como igreja, queremos evitar que nossos membros apresentem a "profundidade de um pires" em sua espiritualidade e conhecimento de Deus e das Escrituras. Certamente concordamos todos com isto. Mas, ao dizermos sim a este objetivo temos que nos lembrar que o aprofundamento dos membros passa pelo aprofundamento dos líderes e pastores. Senti na pele essa necessidade quando, aos 13 anos, fiz uma pergunta ao presidente da denominação à qual pertencia, porque julguei que ele era o mais preparado para sanar minha dúvida: - Por que Deus precisava de sacrifícios de animais no AT? Ele olhou para mim de cima de sua falta de tato e argumento bíblico e me respondeu: - Deus quis assim. Quem é você para questionar a Deus? Perfeito! Uma resposta que cala qualquer questionamento... Mas eu continuei como a minha dúvida.

Descobri que, como reação à Teologia Liberal (que não crê na inerrância nem na inspiração divina das Escrituras), os Conservacionistas passaram a desprezar o estudo aprofundado e metódico das Escrituras. Esta postura gerou o anti-intelectualismo, isto é, a idéia de que não é necessário se aprofundar no estudo nem das ciências, porque são "coisas do mundo" e podem nos desviar da fé como o fez com os teólogos liberais, nem das Escrituras porque o Espírito Santo fará acontecer o necessário. Quem herdou este pensamento? Boa parte das igrejas pentecostais e neo-pentecostais.

Não estaríamos sofrendo com esta herança não dando importância devida a este aspecto? Apesar de nossa característica de amor pela Palavra, afirmo que sim. Há 15 anos atrás quando resolvi voltar aos estudos sofri resistência, ainda que velada. Um pastor de nossa igreja, na época, me disse: "- Vá estudar a Bíblia!". Era o mesmo argumento de minha avó, anos antes: “- Porque estudar tanto, ‘fio’”? Ambos não o fizeram por pura ignorância, mas por acreditar que eu correria menos risco de me "desviar da fé" (embora considere muito mais a sinceridade de minha avó do que a incongruência do líder que me influenciava), o mesmo temor dos que rejeitavam a Teologia Liberal.

Sabe qual é o resultado desastroso deste pensamento na sociedade brasileira? Apesar de sermos um país cristão por definição - juntando católicos e evangélicos temos quase 90% da população - no mundo acadêmico, por exemplo, o que prevalece é o ateísmo! Qualquer menção a Deus ou às Escrituras é expurgada e rechaçada com violência. Isto é uma injustiça e uma incoerência. Por quê? Porque carecemos de um volume maior de cristãos bem fundamentados que simplesmente ocupem estes lugares sem crise (há alguns “heróis”, hoje; oremos por eles).

Na política, a bancada evangélica não tem unidade para preparar Leis que preservem a sociedade “cristã” e seus mais fundamentais valores como da Família, por exemplo. Por quê? Porque faltam homens e mulheres cristãos competentes e excelentes em suas ações que sejam preparados desde sua base para a função (ouvi que muitos se esquivaram de assumir a relatoria na Câmara, no caso do abuso das passagens aéreas, porque temiam ser expostos à opinião pública em razão de também as terem usado indevidamente. Pensei, era a hora de um cristão consciente, um Daniel, com bons fundamentos bíblicos e éticos recebidos desde a infância, que não se enlameou com uso indevido das passagens, tomar a frente e dizer: - Eu assumo, podem investigar minha vida!)

Porém, abro hoje um texto de Martinho Lutero quando escreveu aos líderes, aos pastores e pais da Alemanha de sua época encorajando-os a abrirem escolas, já que as escolas católicas, que só preparavam padres e freiras, já não faziam sentido depois da Reforma. Os argumentos dele são diretos (Educação e Reforma – Ed. Sinodal):

· Sendo a Palavra e o ministério da pregação os mais importantes para Deus, quem vai poder exercer este serviço? Pessoas que recebem instruções na escola, que estudam as línguas dos textos originais, que se preparam com excelência em seus estudos, que aprendem para poder ensinar a outros no caminho da fé.

· Quem vai assumir o governo secular e as ciências médicas e o juízo, visto que são instituições, criatura e ordem divinas, com autoridade conferida por Deus para o benefício dos homens? Pessoas estudadas, preparadas nas ciências e capacitadas a colocar rumos no país e conduzir o estado conforme os princípios de Deus.

Lutero e o preparo dos ministros

Lutero, diante do desinteresse de muitos pelo ensino de línguas (grego, hebraico e latim) - uma vez que já possuíam a Palavra de Deus em língua alemã - argumentou que esse desprezo era estratégia diabólica. Deus nos deu o Evangelho através da língua hebraica e grega. Sem elas não se preservaria nem o evangelho nem a expressão da própria língua pátria. Por causa do conhecimento delas foi possível trazer o evangelho em toda a sua pureza para o tempo de Reforma. Até os pais da igreja erraram muitas vezes na interpretação das Escrituras por tropeçarem em sua falta de conhecimento das línguas originais.

Ele explicou a diferença entre um pregador da fé e um intérprete das Escrituras, sendo o segundo uma fonte de segurança nas interpretações e debates da fé. Lembrou que a argumentação papista da “obscuridade” das Escrituras era devido ao desconhecimento das línguas originais. Alertou que em seu tempo havia plena condição de obter este conhecimento das línguas necessárias para cumprir o mandamento apostólico de julgar as doutrinas que se apresentam. Conhecer as línguas diminui o risco de desvios, assegura a Palavra divina como incontestável e capacita a lutar pela fé contra o erro.

John Wesley não era boxeador, mas acertava no fígado

Amados, será que este assunto é novo? Será que este meu cuidado é um capricho superficial e não revestido de importância? Então meditem nesta constatação que John Wesley fez de um de seus pregadores, John Trembath. Depois que a li perguntei a mim mesmo: o que John Wesley diria se me ouvisse pregar?

O que tem lhe prejudicado excessivamente nos últimos tempos e, temo que seja o mesmo atualmente, é a carência de leitura. Eu raramente conheci um pregador que lesse tão pouco. E talvez por negligenciar a leitura, você tenha perdido o gosto por ela. Por esta razão, o seu talento na pregação não se desenvolve.

Você é apenas o mesmo de há sete anos. É vigoroso, mas não é profundo; há pouca variedade; não há seqüência de argumentos. Só a leitura pode suprir esta deficiência, juntamente com a meditação e a oração diária. Você engana a si mesmo, omitindo isso.

Você nunca poderá ser um pregador fecundo nem mesmo um crente completo. Vamos, comece! Estabeleça um horário para exercícios pessoais. Poderá adquirir o gosto que não tem; o que no início é tedioso será agradável, posteriormente. Quer goste ou não, leia e ore diariamente.

É para sua vida; não há outro caminho; caso contrário, você será, sempre, um frívolo, medíocre e superficial pregador.

John Wesley, 17 de agosto de 1760.

Proposta

Tenho a percepção (que submeto inteiramente aos irmãos para avaliação) que seja a hora de nos aprofundarmos, não nos "mistérios e novidades", mas nas doutrinas básicas, nos fundamentos que suportam o edifício da fé cristã há séculos. Minha proposta é que tenhamos periodicamente uma reunião com foco especifico nestes pontos doutrinários fundamentais, trazendo gente de fora, reconhecida, especializada, que possa expor os fundamentos bíblicos e históricos a respeito destes assuntos, tais como: Igreja (eclesiologia), História da Igreja, Bíblia (revelação de Deus), Jesus (o centro da fé), Espírito Santo, Graça, o significado da Reforma, etc. Seriam lufadas periódicas de ar fresco a aliviar nossas mentes e refazer nossas forças.

Hoje as coisas estão mudando. Ouvi dizer que uma grande igreja (que não é histórica) já não aceita no pastorado pessoas que não tenham formação universitária ou teológica equivalente. Para os que não a tem a igreja oferece um curso para capacitação.

Estas são algumas considerações e uma proposta simples com o objetivo de aprimorar nossa igreja e ministério. Sou o primeiro a perceber esta necessidade em minha vida e, por isso, anseio partilhar e estimular meus irmãos, que repartem comigo esta responsabilidade pastoral, ao maior aprofundamento bíblico e melhor capacitação para o ministério.

Abração

Joubert

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

FÉ QUE LIBERTA - honra a quem merece honra


Repasso abaixo nota da revista Cristianismo Hoje sobre o lançamento do livro acima. Recomendo tanto o filme mencionado quanto o livro devido à grande influência de Wilberfoce na luta a favor da abolição da escravatura.

Sua influência atingiu o Brasil em cheio culminando com a abolição da escravatura no Brasil assinada pela princesa Isabel, e poucos sabem que a grande motivação da luta de Wilberforce eram os princípios cristãos.

Este aspecto da História, bem como este importante personagem precisam ser mais conhecidos e mencionados por sua influência com base nos valores cristãos para que todos saibam que o verdadeiro ensino de Cristo liberta e altera a sociedade para melhor. Este é um dos maiores exemplos.

Abração,
Joubert

Maravilhosa Graça na vida de William Wilberforce

John Piper

Ed. Tempo de Colheita – 72 páginas


Não faz muito tempo que foi lançado em DVD o filme Jornada pela liberdade, que narra uma parte da vida do abolicionista cristão William Wilberforce. O filme, inclusive, ganhou notoriedade ao ser comentado pela revista Veja por mostrar a influência do britânico Wilberforce na luta contra a escravatura em escala global. Pois seus admiradores, e mesmo quem não conhece muito sobre sua vida, têm a oportunidade de conhecer melhor sua trajetória em Maravilhosa graça na vida de William Wilberforce, lançamento da editora Tempo de Colheita. Das páginas da obra, escrita pelo sempre competente John Piper, emerge não apenas uma figura histórica, mas um personagem que ajudou a mudar os rumos da sociedade ocidental.

Fonte site www.cristianismohoje.com.br