sexta-feira, 21 de maio de 2010

Transmissoras de fé

Transmissoras de fé


Devocional CRE - Dia das mães – 08.05.10

Joubert de O. Sobº - Capelania CRE

...trazendo à memória a fé não fingida que em ti há, a qual habitou primeiro em tua avó Lóide e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também habita em ti. Por este motivo, te lembro que despertes o dom de Deus, que existe em ti pela imposição das minhas mãos. Porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, e de amor, e de moderação. 2Tm 1.5-7

O dom a que nos referimos remete à qualidade ou característica especial que as mães possuem de transferir, de forma única, valores aos filhos. Paulo escreve a Timóteo e destaca um valor em especial que este adquiriu através de sua mãe e de sua avó: a fé sincera, não fingida. Esta prerrogativa ou vantagem concedida às mães, se bem utilizada, pode aplainar o caminho dos filhos e facilitar o desempenho deles diante dos embates e desafios da vida.

Acredita-se que Timóteo receava assumir tamanha responsabilidade que se apresentava perante ele. Era um tempo em que líderes cristãos inevitavelmente sofriam perseguições e prisões por causa de sua fé. Paulo o convida a participar das aflições e sofrimentos do evangelho, v.8, sem se envergonhar do testemunho de Jesus, nem do fato dele ser um prisioneiro.

Paulo o estimula a afastar qualquer temor, uma vez que havia recebido o espírito de fortaleza, amor e moderação, v.7, reforçando que a plenitude e os dons do Espírito Santo fornecem toda a condição necessária para exercer o ministério. Ainda insistiu que Timóteo reavivasse a chama do dom especifico que recebeu pela sua imposição de mãos, v.6.

Mas chamo sua atenção ao fato de que, antes de fazer estas colocações específicas de incentivo, Paulo lembrou a Timóteo onde havia iniciado a história de seu ministério: na fé genuína e sincera que habitava em sua avó Lóide, que habitou em sua mãe Eunice e agora habitava nele. A partir de então, Paulo o incentiva dizendo: “Por esta razão...”.

A fé, o firme fundamento das coisas que se esperam, a prova das coisas que se não vêem, Hb 11.1, habita, isto é, vive dentro do coração e influencia a vida de quem a possui. O privilégio das mães é poder transmitir essa fé sincera fazendo-a habitar no coração dos seus filhos. Certamente Lóide e Eunice providenciaram a Timóteo uma educação cristã, respeito e amor pelas Escrituras e um ambiente familiar espiritual em que ele pode crescer no conhecimento de Deus. A fé lhe foi-lhe semeada no coração desde a infância pela mãe e avó: E que, desde a tua meninice, sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus, 2Tm 3.15.

E, justamente por isso, Paulo pode estimular Timóteo a afastar o temor das grandes responsabilidades e despertar a chama de sua vocação. Insisto em repetir: Paulo instruiu e incentivou Timóteo com êxito porque nele habitava uma fé sincera recebida como herança de sua mãe e avó. Este é um dos dons que as mães possuem. Um privilégio que deve ser aproveitado ao máximo, pois será o diferencial que fará com que o propósito e o ministério dos filhos sejam cumpridos conforme a vontade de Deus.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

A DIFÍCIL ARTE DE CEDER EM FAVOR DE OUTRO


A difícil arte de ceder em favor de outro


Devocional CRE - 19.04.10

Joubert de Oliveira Sobrinho

Pois vocês conhecem a graça de nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo rico, se fez pobre por amor de vocês, para que por meio de sua pobreza vocês se tornassem ricos.

2 Coríntios 8.9.

Que alguém saia da pobreza e fique rico parece ser fácil imaginar. Algumas pessoas enriquecem como fruto de seu trabalho, aproveitando uma oportunidade comercial, obtendo uma herança, etc. Ainda que a administração das posses exija trabalho, tempo, atenção e agudeza de espírito.


Uma situação mais difícil de enfrentar é o caminho inverso: quando alguém, ao perder seus bens, sai do estado de riqueza para o de penúria. Quando aconteceu a quebra da Bolsa de Valores nos EUA em 29 de outubro de 1929, muitas pessoas perderam, do dia para a noite, todo o seu investimento. Em função disto muitos optaram pelo suicídio. Preferiram morrer a enfrentar a pobreza repentina. Nossos bens, por natureza, são instáveis e, por esta razão, não podemos por a esperança na incerteza das riquezas, diz Paulo, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos, 1Tm 6.17.


Este é especialmente um aspecto na vida de Jesus que deveria ser mais enfatizado em nossos dias: Jesus era rico e, em nosso favor, se fez pobre! O apóstolo Paulo detalhou mais este fato ao afirmar que Jesus, embora sendo Deus esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens.


Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz!

Filipenses 2.5-8

Ele poderia escolher nascer numa família abastada em Israel, vir à luz num quarto limpo de um palácio e dormir num berço adornado, crescer sob os privilégios de uma família nobre, fazer parte da elite, herdeiro de abundantes bens e propriedades. Mas, não. Ele optou pelo ventre de Maria, esposa de um trabalhador humilde. Ao nascer numa estrebaria, foi posto para dormir em uma manjedoura, porque não havia lugar para ele na hospedaria. Sua família não possuía destaque social, bens ou propriedades que lhe beneficiassem. O que seu pai lhe deixou foi o temor a Deus e à sua Palavra, o bom exemplo e a profissão, a carpintaria, através da qual se tornou conhecido antes de iniciar seu ministério.


E por que ele fez isto? Paulo afirma, em 2Co 8.9, que Jesus, sendo rico, se fez pobre por nós para que, através de seu empobrecimento, nós pudéssemos enriquecer. Com esta ação ele abriu mão de sua glória, a sua riqueza; desistiu de sua magnificência e plenitude em nosso favor; ele transferiu a nós os seus valores e propriedades. Sim, quem está em Cristo é rico da graça divina, da glória do Espírito, tem vida em abundância, vida eterna, acesso livre ao Pai, podendo considerar-se co-herdeiro com Jesus, Rm 8.17, pelo seu sacrifício na cruz, sua pobreza.


Um bom exemplo dessa prática ocorreu em 1490. Albrecht Dürer e Franz Knigstein eram amigos e amavam a arte da pintura. Porém, era-lhes difícil estudar e trabalhar nas minas. Conta-se que um dia resolveram tirar a sorte. Quem ganhasse iria estudar nas grandes cidades enquanto o outro ficaria trabalhando para sustentar aquele que seria estudante de arte de tempo integral. Albrecht ganhou e partiu prometendo que, assim que conseguisse o sucesso, viria sustentar o amigo para que fosse estudar também.


Albrecht revelou-se um gênio na produção de desenhos, pinturas, xilogravuras, ilustrações e tornou-se um teórico de arte. Assim que foi reconhecido, voltou para cumprir a promessa ao amigo que se sacrificara pelo seu bem. Porém, voltou para saber da boca de Franz que seu tempo havia passado. O duro trabalho nas minas estragou as mãos de Franz. As articulações enrijeceram, os ossos cresceram, os dedos ficaram retorcidos impossibilitando os suaves movimentos necessários a um hábil pintor. Porém, não havia mágoa nas palavras do amigo. Franz se alegrava em ter participado da formação de um ilustre mestre e respeitável artista.


Certa ocasião Albrecht viu Franz unindo as mãos para orar. Rapidamente esboçou a imagem e elaborou a esplêndida obra-prima, acima reproduzida, chamada Mãos Unidas em Oração. Mãos que possuíam uma habilidade incomum: a difícil arte de se sacrificar e desistir de seus sonhos em favor da concretização do sonho de outro.


Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus... Filipenses 2.5.


Jesus é nosso maior exemplo ao ceder seus direitos e posição para beneficiar a outros. Ele orou por nós e abriu as mãos para que fossem traspassadas em nosso lugar. Num tempo em que impera o amor exclusivo por si mesmo, a escolha deliberada pelo interesse próprio, sua atitude de entrega brilha única como o sol ao meio-dia.


Depois de tanto sofrimento, ele será feliz; por causa da sua dedicação, ele ficará completamente satisfeito. O meu servo não tem pecado, mas ele sofrerá o castigo que muitos merecem, e assim os pecados deles serão perdoados.

Isaías 53.11 (BLH)