quinta-feira, 19 de maio de 2011

A necessária dor da disciplina


A necessária dor da disciplina

O que tem a ver o narigão com a disciplina??? Leia e descubra.


Joubert de Oliveira Sobrinho
Devocional CRE de 16.05.11

E já vos esquecestes da exortação que argumenta convosco como filhos: Filho meu, não desprezes a correção do Senhor, E não desmaies quando por ele fores repreendido; Porque o Senhor corrige o que ama, E açoita a qualquer que recebe por filho. Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos, e não filhos. Além do que, tivemos nossos pais segundo a carne, para nos corrigirem, e nós os reverenciamos; não nos sujeitaremos muito mais ao Pai dos espíritos, para vivermos? Porque aqueles, na verdade, por um pouco de tempo, nos corrigiam como bem lhes parecia; mas este, para nosso proveito, para sermos participantes da sua santidade. E, na verdade, toda a correção, ao presente, não parece ser de gozo, senão de tristeza, mas depois produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela. Hb 12.5-11

O autor de Hebreus com clareza ensina que a disciplina divina é parte do processo de nosso crescimento como filhos de Deus. Quando necessário Deus nos disciplina (ou castiga) com a finalidade de fazer-nos participantes de sua santidade. A disciplina é necessária devido à nossa natureza permeada pelo pecado. Quando Deus a exerce sobre nós, significa que ele nos ama. A ausência de disciplina indica carência de paternidade, distância do amor.

A disciplina também, quando exercitada, a princípio, não traz alegria, senão tristeza. Mas posteriormente frutifica em justiça na vida de quem a vivencia. Somos afiados na base do atrito de acordo com nossa resistência. Uns com mais força, outros de forma mais tênue, mas todos os discípulos são disciplinados por Deus. E por que a disciplina é dolorida e causa tristeza? Entre outros fatores, em razão dela expor à luz o que gostaríamos que ficasse escondido.

Quando não se corrige o caminho no início da jornada, o desvio leva ao destino que não se almeja, com prejuízo da perda de tempo, oportunidade, bens, quando não a honra e a dignidade. Quantas vezes ouvimos de pessoas que foram surpreendidas em conduta reprovável merecendo a punição e correção da lei? Quando se estabelece a disciplina para corrigir alguém, ela exige prioridade e anula todos os planos e construções edificadas, por vezes, há anos, obrigando a pessoa a frear a vida para dar contas de um vício, transgressão ou culpa diante da justiça.

Em Deus temos como nos desvencilhar de vergonhas futuras. Podemos nos adiantar e confessar perante ele nossas culpas e iniqüidades, clamar pelo livramento do Espírito e nos alimentar do Pão da sua Palavra que nos purifica e fortalece a alma. Resistir a Deus ou tentar esconder-se dele é tolice. Ele conhece todos os meandros e acessos dos corações e pode desarmar o resistente em poucos passos para expor toda a transgressão oculta, todos os pecados secretos. Assim sua disciplina revela nossas imperfeições e deformidades causando-nos tristeza e dor. Se a rejeitamos, não podemos ser filhos. Se a aceitamos, crescemos em sua justiça e santidade sob sua paternidade.


Há uma divertida história narrada por Malba Tahan em seu livro Maktub, chamada O nariz do rei Mahendra. Esse rei era alguém de caráter estúpido e injusto, que se recusava a perceber que possuía um nariz torto, monstruoso e horrível. Mandava enforcar quem quer que levemente se referisse ao seu real narigão disforme. Em contrapartida, ousava considerar-se o padrão de beleza masculina. Transbordando de vaidade, o rei resolveu fazer um concurso entre os melhores pintores do país para que lhe produzissem um retrato. O ganhador levaria de prêmio um elefante, um palácio e uma caixa repleta de jóias.

Três excelentes pintores se apresentaram e iniciaram seus trabalhos. O primeiro a expor sua obra foi o pintor realista que elaborou um retrato perfeito do rei, inclusive sua enorme deformidade nasal. Ao ver que sua figura incluía as grotescas ventas, o rei furioso mandou enforcar o pintor. O segundo, temendo o mesmo fim, abriu mão da escola realista e pintou o rei com as feições perfeitas, especialmente o nariz, afilado, proporcional, belo e até levemente arrebitado. Ao vê-lo o rei ficou mais colérico, praguejou e mandou enforcar o infeliz.

O último pintor considerava-se perdido. Clamava aos céus por um escape. A cidade toda antecipadamente lamentava o seu certeiro e triste fim. Ninguém acreditava que ele pudesse se livrar da forca. No entanto, para espanto de todos, eis que desce a rampa do palácio o pintor com uma comitiva para se apossar do palácio que ganhara, com servos do rei conduzindo o elefante e carregando a caixa de jóias. Viu-se cercado de amigos que queriam saber como se livrara da forca. Ele então respondeu: - Pintei o rei exatamente como ele é. Tive, porém, a ideia de imaginá-lo a caçar tigres, e a arma que ele levava ao rosto tapava-lhe perfeitamente o nariz grotesco e monstruoso!

Talvez por passar muito tempo negando a existência de erros que necessitam de correção, temos agido à semelhança deste rei, usando subterfúgios para ocultar nossas monstruosidades da alma. Esse não é absolutamente o caminho. A disciplina do Senhor nos alcançará e apontará para o lugar escuro onde ocultamos os defeitos. Antes que isto aconteça, adiantemo-nos em expor perante ele nossas deformidades e dispostos a nos despir delas. Assim teremos um aliado que nos ajudará a nos revestirmos da nova vida em Jesus, o Espírito Santo.

Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis. Rm 8.13.

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