sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Em defesa do cristianismo


Em defesa do cristianismo
Alderi Souza de Matos 


Nas últimas décadas, tem se tornado comum no mundo ocidental “malhar” o cristianismo. Intelectuais, acadêmicos, escritores e articulistas de renome costumam se referir à fé cristã de forma desairosa e depreciativa. Infelizmente, com freqüência muitos críticos estão dentro das fileiras do próprio cristianismo. É considerado politicamente incorreto falar mal de outras religiões, como o islamismo, o budismo e o hinduísmo, que estão muito em voga na Europa e nas Américas, mas não se vê nenhum problema em condenar o movimento cristão. Alguns pensadores ateus, autores de livros campeões de vendas, têm defendido explicitamente a extinção pura e simples do cristianismo. Segundo afirmam, seria desejável que todas as religiões deixassem de existir, mas na realidade eles têm em mente antes de tudo a fé cristã, a tradição religiosa predominante no Ocidente. 

Além de preconceituosa, essa atitude é profundamente injusta do ponto de vista histórico. Os próprios cristãos reconhecem que sua trajetória ao longo dos séculos não está isenta de dolorosos problemas. As cruzadas, o anti-semitismo, a Inquisição, as guerras religiosas e a escravidão nas Américas são manchas tristes na experiência da igreja, falhas que os cristãos conscienciosos lamentam profundamente. É preciso lembrar esses fatos continuamente para que eles não voltem a se repetir. Todavia, as contribuições e os benefícios que o cristianismo legou ao mundo são muito mais marcantes e numerosos que os seus erros, como o estudo desapaixonado da história demonstra de maneira conclusiva. Alguns desses benefícios não foram generalizados nem contínuos, tendo ocorrido mais em algumas épocas e lugares do que em outras. 

A influência histórica 
O cristianismo é a principal tradição cultural do mundo ocidental, o mais importante fator na formação histórica da Europa e das Américas. Assim sendo, a influência cristã permeia todos os aspectos da vida desses continentes e suas nações. Caso prevalecesse a tese dos autores que defendem a extinção do cristianismo, por uma questão de coerência vastas mudanças teriam de ser feitas na vida social desses povos. Por exemplo, o calendário teria de ser trocado por outro -- a semana de sete dias, os termos “sábado” e “domingo” (“dia do Senhor”) e a contagem dos anos (como 2008) não mais fariam sentido, porque todos têm origem cristã ou judaico-cristã. Algumas das celebrações e festividades mais apreciadas pelas pessoas (Natal, Páscoa, Dia de Ação de Graças) teriam de ser eliminadas. Milhões de pessoas teriam de mudar seus nomes de origem cristã, inclusive muitos ateus. O mesmo aconteceria com um imenso número de designações de cidades, logradouros e pontos geográficos. Os idiomas, a música, o folclore, as tradições e outros elementos seriam profundamente afetados. 

Mas existem questões mais importantes. Olhando-se para a história antiga e recente, percebe-se o enorme impacto humanizador e civilizador do cristianismo. Desde o início da era cristã, houve uma grande preocupação com a dignidade da vida humana, que se traduziu no combate a práticas degradantes como o aborto, o infanticídio e as lutas de gladiadores. O cristianismo valorizou a criança, a mulher, o idoso, o casamento e a vida familiar. Embora no início os cristãos tenham mantido a escravidão que existia no Império Romano, a fé cristã continha valores que levaram à gradual extinção desse mal. Tem sido imenso, ao longo do tempo, o esforço dos cristãos em socorrer os pobres, doentes e desamparados de toda espécie, através de um sem-número de iniciativas e instituições humanitárias. Até hoje, tanto em tribos indígenas e populações carentes como entre povos adiantados, a contribuição cristã nessas áreas se faz notar de modo saliente. 

O legado cultural 
Sem desprezar as magníficas contribuições das antigas civilizações grega e romana, foi principalmente o cristianismo que moldou a vida dos povos ocidentais como os conhecemos hoje, além de exercer grande influência positiva na África e na Ásia. À medida que a fé cristã se expandia, ela elevou o padrão de vida dos povos que deram origem às nações européias. A contribuição cristã na área da educação tem sido das mais destacadas. Durante séculos, as únicas escolas que existiam estavam ligadas à igreja. Muitos povos, ao serem evangelizados, receberam simultaneamente a escrita e a alfabetização, como ocorreu entre os eslavos, na Europa oriental, e em muitas nações africanas. A Bíblia, traduzida para as línguas desses povos, se tornou importante nesse processo. As primeiras universidades (Paris, Bolonha, Oxford) e muitas outras surgidas mais tarde (Harvard, Yale, Princeton etc.) foram criadas por cristãos. 

O cristianismo deu uma contribuição inigualável em outras áreas significativas, notadamente em séculos recentes. Alguns exemplos no âmbito político são o governo representativo, a separação dos poderes, a expansão da democracia e a ampliação dos direitos e liberdades civis. As convicções cristãs permitiram a ascensão econômica do homem comum, gerando prosperidade para famílias e povos. Outra área de atuação foi a ciência, não só pelo fato de que a maior parte dos cientistas ao longo da história têm sido cristãos, mas de que o cristianismo, com sua visão de um mundo ordenado e sujeito a leis fixas, porque criado por Deus, possibilitou o próprio surgimento da ciência. E que dizer das contribuições nos campos da literatura e da arte? Se não fosse o cristianismo, não teríamos obras como as “Confissões”, de Agostinho, a “Divina Comédia”, de Dante, o “Paraíso Perdido”, de Milton, e tantas outras. Não contemplaríamos as magníficas catedrais góticas, a Capela Sistina, bem como as esculturas e pinturas de Michelangelo, Leonardo da Vinci, Rembrandt e outros mais. Não poderíamos ouvir “O Messias” de Haendel nem as inspiradoras composições de Johann Sebastian Bach. 

Valores religiosos e éticos 
Os legados mais valiosos do cristianismo ao mundo são a vida e os ensinos de seu fundador, registrados no Livro dos Livros. Jesus Cristo, o carpinteiro de Nazaré que os cristãos consideram o próprio Filho de Deus encarnado, proferiu algumas das palavras mais belas, sublimes e cativantes que se conhecem na história humana. Ele falou das coisas transcendentes e eternas de modo simples e acessível a qualquer indivíduo. Os valores que ensinou, como o amor, a compaixão, o altruísmo, a integridade, a veracidade e a justiça, têm trazido benefícios incalculáveis ao mundo. Todavia, ele não se limitou às palavras e conceitos, mas exemplificou em suas ações as verdades que buscava transmitir. Por fim, deu sua vida na cruz para cumprir cabalmente a missão de que estava incumbido. Desde então, seu ensino e exemplo têm inspirado e transformado milhões de pessoas em todos os recantos do mundo, além de ter induzido mudanças radicais nos mais diferentes aspectos da sociedade. 

Sem Cristo e seu grandioso legado, o mundo certamente seria um lugar muito mais sombrio, triste e desesperançado. Essa é a tese de D. James Kennedy em seu livro “E se Jesus não Tivesse Nascido?” (Editora Vida, 2003). Não se pode negar que muitos não-cristãos têm dado contribuições relevantes à sociedade. Os cristãos não têm dificuldade com isso, porque entendem que Deus atua em toda a criação e que sua imagem, ainda que desfigurada, está presente em todos os seres humanos. Todavia, as alternativas de um mundo sem fé e sem cristianismo podem se tornar aterrorizantes. Basta lembrar que os homens mais cruéis, desumanos e sanguinários do século 20 -- indivíduos como Josef Stálin, Adolf Hitler, Mao Tsé Tung e Pol Pot -- além de não serem cristãos, eram inimigos do cristianismo. Mesmo sem apelar para casos extremos como esses, está claro que o crescente secularismo que avassala o mundo, com sua relativização do significado e da importância da vida, representa uma grande ameaça para o futuro da humanidade. 

Conclusão 
Depois de afirmar todas essas realidades em defesa do cristianismo, destacando os elementos construtivos de sua herança milenar, é preciso acrescentar que os cristãos não têm motivos para se entregar ao ufanismo triunfalista. O cenário cristão contemporâneo tem dificuldades que deveriam produzir em seus fiéis um forte senso de humildade e contrição. As rivalidades, incoerências, mediocridades, extremismos e outras distorções existentes em muitas igrejas e grupos cristãos são amiúde as causas da atitude beligerante mencionada no início deste artigo. Daí a necessidade de se fazer uma distinção entre as estruturas de poder, as instituições humanas, a religiosidade meramente nominal e cultural, e o cristianismo genuíno ensinado por Cristo e seus apóstolos, exemplificado pelos elementos positivos da trajetória cristã. Somente se os cristãos retornarem continuamente aos fundamentos de sua fé, eles poderão continuar a proporcionar ao mundo e à sociedade os mesmos benefícios oferecidos por seus antecessores. 


• Alderi Souza de Matos é doutor em história da igreja pela Universidade de Boston e historiador oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil. É autor de A Caminhada Cristã na História e “Os Pioneiros Presbiterianos do Brasil”. 



terça-feira, 22 de novembro de 2011

A entrega das chaves


A entrega das chaves






Joubert de Oliveira Sobrinho
Devocional CRE de 21.11.11

Quando uma pessoa compra um carro, novo ou usado, após todos os acertos de documentação e pagamento há um momento que se reveste de um significado especial: a entrega das chaves. Ao entregar as chaves para a outra pessoa o vendedor está dizendo: - A partir de agora você tem o direito de usar este carro como quiser; viajar com ele para onde você quiser, porque de acordo com os documentos, ele é seu.

O mesmo ocorre quando alguém compra uma casa ou apartamento. Depois de tudo regulamentado nos papéis e compromissos de pagamento, há um dia especial marcado para a entrega das chaves. É o dia em que o comprador adquire autoridade sobre o imóvel. A partir daquele dia ele pode se mudar para lá, alugá-lo, reformá-lo, enfim, assumir o direito legal, o poder de utilizá-lo conforme seus planos. Ninguém poderá impedi-lo de entrar e sair, abrir e fechar, morar ou deixar desocupado, porque agora ele tem as chaves.


Podemos ter a mesma ideia quando pensamos numa senha. Uma senha é uma forma de chave para se ter acesso a um computador, um celular ou outro aparelho eletrônico. Quem tem a senha tem poder ou autoridade para acessar as informações.

O que significa uma chave

Na Bíblia, ter as chaves significa exatamente isto: ter o poder de abrir e fechar algo ou situação; possuir autoridade de vários tipos sobre variadas áreas da vida secular ou espiritual.

Jesus reprovou diretamente a atitude dos doutores da lei porque eles tinham a chave para abrir a porta do conhecimento de Deus para o povo, mas eles a fechavam.

Ai de vós, doutores da lei, que tirastes a chave da ciência (conhecimento de Deus nas Escrituras); vós mesmos não entrastes, e impedistes os que entravam. Lucas 11.52


Eles eram chamados ‘doutores da lei’ porque eram escribas estudiosos das Escrituras sagradas. Eles participavam do Sinédrio, o mais alto tribunal dos judeus, uma das mais altas posições sociais.  Porém, desde o século segundo antes de Cristo, escribas leigos começaram a explicar e elaborar pontos minuciosos da lei sem qualquer referência às Escrituras, desviando-se de sua responsabilidade de ensinar as pessoas sobre as revelações divinas dadas ao povo. Se eles eram escribas conhecedores das Escrituras, cabia a eles a responsabilidade de ensinar o povo no caminho do Senhor. Mas eles não faziam isto. Pior, amaldiçoavam o povo por não conhecerem as Escrituras: Mas esta multidão, que não sabe a lei, é maldita. João 7.49. De acordo com Jesus, eles tomaram para si a chave que abre a porta do conhecimento de Deus, as Escrituras. Entretanto, por não crer, nem eles conheciam a Deus e sua vontade, nem permitiam a outros este conhecimento.

As chaves em outras mãos

Então Jesus prometeu que as chaves do reino dos céus estariam nas mãos de outras pessoas, isto é, de seus discípulos, para que ninguém mais fosse impedido de conhecer a Deus e sua vontade. E disse isto diretamente para Pedro e depois para todos os demais.

E eu te darei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus. Mateus 16.19


A revelação que Pedro teve de que Jesus era o Messias seria a revelação disponível para todas as pessoas que viessem a crer. Caberia aos discípulos espalharem a mensagem do evangelho assim que Jesus os enviasse, porém, sempre debaixo de sua autoridade, isto é, usando as chaves. Essas chaves estariam disponíveis na autoridade do nome de Jesus. O poder do Espírito Santo, então, se manifestaria sob a autoridade do nome de Jesus.

E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas; Pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão. Marcos 16.17-18

Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles. Mateus 18.20

E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. João 14.13


As três chaves

Jesus já usava estas chaves durante a sua vida (ele ensinava a Palavra, curava enfermos, ressuscitava mortos, multiplicava pães e peixes), porém, Jesus teve que morrer e ressuscitar para conquistar definitivamente as chaves do reino, da morte e do inferno (hades, lugar dos mortos):

E ao anjo da igreja que está em Filadélfia escreve: Isto diz o que é santo, o que é verdadeiro, o que tem a chave de Davi (chave do reino); o que abre, e ninguém fecha; e fecha, e ninguém abre, Apocalipse 3.7

E o que vivo e fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém. E tenho as chaves da morte (entidade que absorvia as vidas) e do inferno (hades, lugar dos mortos). Apocalipse 1.18

Chave de Davi, Chave da morte, Chave do Inferno

Se você crê em Jesus como Senhor e Salvador de sua vida, ele partilhará com você as chaves dele, para que você espalhe o conhecimento de Deus pelo mundo. Receber a Jesus é semelhante ao momento da "entrega das chaves": você abre sua vida para ele entrar e ele lhe entrega as chaves que custaram sua vida.

O presente mais valioso do rei

É semelhante à história de um rei muito rico que tinha um reino poderoso e glorioso. Ele queria demonstrar a honra e a confiança que depositava de um grupo selecionado de amigos e súditos fiéis. Começou, então, a pensar em como poderia fazer isto de maneira melhor. Pensou em lhes dar um premio em dinheiro, pensou em dar a cada um uma jóia de grande valor, ou um pedaço de terra de seu reino... Mas nada disto eles precisavam de fato. Até que teve uma ideia.

No dia de uma festa o rei chamou seus amigos fiéis, que incluía homens e mulheres e disse:

- Pensei muito tempo em como honrar vocês e demonstrar minha confiança na fidelidade por todos estes anos em que me ajudaram a reinar. Concluí que qualquer riqueza que lhes desse não expressaria meu real apreço. Como sabem, no palácio onde vivo está tudo que é mais valioso para mim: minha família, meus parentes, meus servos e súditos que representam a população de meu país, meus documentos, minha riqueza, enfim, em meu lar estão meus maiores valores. Sendo assim, a melhor maneira de premiar meu seleto grupo de amigos e amigas é lhes dar uma cópia da chave da porta principal de minha casa, o palácio real. Vocês que a partir de agora hão de possuir esta chave poderão entrar em meu lar a qualquer momento do dia ou da noite e serão bem recebidos.

Assim os amigos do rei se inclinaram perante o rei sentindo-se muito honrados. Depois disto, eram vistos a caminhar pela cidade, uns com as chaves penduradas em ricos colares ao redor do pescoço, outros as levando penduradas em seus cintos. Onde quer que fossem eram reconhecidos como os fiéis amigos do rei, porque eram dignos de possuir a chave do portão do palácio real.

Se você receber em sua vida a Jesus Cristo, o verdadeiro rei, haverá um momento especial em que ele mesmo lhe entregará a chave com a qual você poderá abrir e fechar situações e circunstâncias na autoridade de seu nome. Seja um amigo fiel de Jesus.



quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Herança para um assassino


Herança para um assassino

George Whyte

Joubert de Oliveira Sobrinho
Devocional CRE de 07.11.11

O que é uma herança? É aquilo que se herda ou que se deve herdar; é o legado, o domínio; a posse de algum valor ou bem; a hereditariedade. É também aquilo que se transmite com o sangue.

Anos atrás, em São Paulo, uma filha planejou a morte de seus pais. Porém, após o crime, a polícia descobriu seu plano. Ela e os assassinos foram presos. Depois de alguns anos, da cadeia, ela resolveu solicitar a herança que seria sua com a morte dos pais. Mas a Justiça lhe negou o direito, visto que este era um dos motivos do seu crime. De fato, nosso senso de justiça discorda e não concebe que um assassino receba qualquer benefício de suas vítimas, muito menos alguma herança.

Se pensarmos bem, foram os nossos pecados que estavam sobre Jesus quando ele estava na cruz; foram as nossas culpas que o fizeram morrer:

Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho; mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos. 
Isaías 53:4-6


Mesmo assim, sem que merecêssemos, ele entregou a vida por nós para nos dar o direito de possuir uma rica e eterna herança:

Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo;

George Wythe foi um homem que entendeu bem esta mensagem de graça e salvação de Jesus. Ele nasceu no condado de Elizabeth em Virgínia, EUA. Seu pai faleceu quando ele tinha apenas três anos e sua mãe se responsabilizou pelos seus estudos em casa. Depois de alguns anos sua mãe o chamou e lhe disse: - George, você já está grande e pode receber de presente algo que seu pai deixou para você. E levando George à biblioteca do falecido pai, mostrou-lhe os livros e disse: - A partir de agora você poderá conhecer os segredos da ciência e as melhores ideias que foram deixadas no mundo. Todos estes livros são seus.

Casa de George Wythe em Williamsburg, Virgínia

Naquele tempo os livros eram muito caros, mas George fez bom uso deles. Passava boa parte do dia lendo-os e adquiriu grande conhecimento dos clássicos e das obras que seu pai havia colecionado. George especializou-se nas Leis e se tornou um Advogado, Juiz e Professor de Direito, inclusive foram seus alunos dois futuros presidentes: Thomas Jefferson e James Monroe. Para ajudar alunos de Direito que eram carentes, muitas vezes George os levou para morar em sua casa. Ele foi eleito para a Câmara dos Burgueses, prefeito de Williamsburg e um dos signatários da Declaração da Independência da Virgínia, que precedeu a independência dos Estados Unidos.


George passou a opor-se veementemente à escravatura e libertou todos os seus escravos. Já com idade avançada vivia com dois de seus ex-escravos, Lydia Broadnax, e um jovem chamado Michael Brown. Wythe gostava tanto de Michael que ele o nomeou para herdar parte de sua propriedade. Também vivia com ele seu sobrinho-neto, George Wythe Sweeney. Sweeney, que iria herdar a maior parte da propriedade, fez dívidas enormes no jogo. Inicialmente, Sweeney forjou o nome de seu tio em cheques, mas cada vez mais desesperado por dinheiro, ele despejou veneno no café do tio George Wythe, Michael Brown e Lydia Broadnax. 

Michael morreu primeiro. Lydia, que sobreviveu, contou para George ter visto o sobrinho colocando um pó no café deles. Percebendo que não se recuperaria, George mandou buscar seu testamento e o reescreveu deixando parte de seus bens para Lydia, parte para alguns netos de sua irmã e legou sua valiosa biblioteca e aparato filosófico para seu amigo, o Sr. Thomas Jefferson (que posteriormente a doou para o Congresso americano).


Havia uma abundância de provas contra Sweeney, mas em Virgínia a lei não permitia que negros testemunhassem contra brancos no tribunal, de modo que Lydia não foi ouvida e Sweeney foi absolvido da acusação de assassinato. George Wythe, aos 80 anos, prestes a morrer envenenado pelo próprio sobrinho, a tempo o retirou de seu testamento, deixando ao assassino algoz uma única e especial herança declarada nestes termos:

“Ao meu sobrinho-neto, George Wythe Sweeney, deixo unicamente o meu PERDÃO...”



sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Questões de vida e família permeiam todas as questões econômicas na crise da dívida mundial

Questões de vida e família permeiam todas as questões econômicas na crise da dívida mundial
ROMA, Itália, 7 de novembro de 2011 (Notícias Pró-Família) — O que a maioria dos especialistas seculares, políticos, lobistas, banqueiros e o público não entendem sobre a crescente crise econômica da Europa e do resto do mundo ocidental é a relação íntima das políticas anti-vida e anti-família do Ocidente, um proeminente escritor de economia disse para LifeSiteNews.com.
John Medaille
John Medaille, autor, empresário, palestrante e instrutor de teologia da Universidade de Dallas, disse para LifeSiteNews.com que “as questões da vida… permeiam todas as questões econômicas” e que compreender isso é crucial para se entender a natureza da crise mundial.
O crescimento do Estado, o monopólio da propriedade dos recursos do mundo por parte de empresas imensas, a dependência dos cidadãos no Estado e uma dívida inimaginavelmente imensa e insolúvel dos governos e cidadãos particulares são a consequência da erosão das proteções para a família como a unidade fundamental da sociedade, disse ele.
Medaille é o autor dos livros The Vocation of Business (A Vocação Empresarial) e Toward a Truly Free Market: A Distributist Perspective on the Role of Government, Taxes, Health Care, Deficits, and More (Em Direção a Um Mercado Realmente Livre: Uma Perspectiva Distributista sobre o Papel do Governo, Impostos, Assistência de Saúde, Déficits e Mais).
O autor disse que a conexão entre a deterioração da família e a crise econômica pode ser observada muitíssimo facilmente no colapso do mercado imobiliário. “Durante o crescimento econômico acelerado”, disse Medaille, “construímos 1,6 milhão de casas, mas formamos apenas 1,2 milhão de lares. Obviamente, a demanda por casas é impulsionada pela formação de lares. E muitos dos domicílios que se formaram eram do tipo que pode ser dissolvido ou consolidado com facilidade: indivíduos solteiros, com ou sem filhos, e casais amigados”.
A economia não é uma gnose mística que apenas uns poucos iniciados conseguem compreender, disse ele. É baseada em pessoas e suas necessidades. Em resumo, o crescimento populacional dos países mais avançados economicamente está estagnado, com o aborto legal e a contracepção colocando os índices gerais de fertilidade muito abaixo do nível de substituição. E quando há menos pessoas, famílias separadas e menos casamentos, há naturalmente menos estabilidade econômica, menos demanda por bens e serviços e menos capacidade para produzi-los.
“Por debaixo da economia”, explicou Medaille, “há cinco colunas: demografia, propriedade de terras, recursos naturais, trabalho e dinheiro — como é criado e destruído. A deterioração de qualquer um deles leva a deterioração de todos eles”.
O erro que os governos modernos estão cometendo, disse ele, é substituir, ou deslocar, funções que no passado eram realizadas na família. A inteira tendência que tem levado a uma crescente intervenção estatal na vida de família é consequência do enfraquecimento das estruturas da família. Sem esses, Medaille diz, o governo tinha pouca escolha senão intervir. “Mas em algum ponto”, disse ele, o Estado com dívidas imensas “não mais pode cumprir suas promessas”.
“Veja o sistema de seguridade social. Em toda a história, isso significaria uma de duas coisas: você tinha muito dinheiro ou você tinha muitos filhos. Já que a maioria das pessoas não tinha muito dinheiro, elas precisavam ter muitos filhos. O cuidado da família era uma prática espalhada entre as gerações, com cada um provendo algo. As relações entre as gerações eram mediadas de forma natural, e havia um limite quanto ao que os idosos podiam pedir dos jovens (e vice-versa). Mas quando o Estado se torna o fator mediador, esses limites são removidos e as demandas aumentam. Os reais ganhadores na seguridade social são aqueles que tiveram poucos filhos ou nenhum. Eles dependem dos filhos dos outros para pagar impostos, mas evitaram todos os custos (e sofrimentos) de eles mesmos criarem filhos”.
A ideia de um “salário mínimo” é outro conceito perdido na economia moderna, que foi originalmente baseado nas reais necessidades de pessoas reais vivendo no contexto de uma família.
“À medida que a família deixou de ser em si um centro de produção, mais renda havia nos salários. Mas quando um salário de fora é insuficiente para sustentar uma família, ou a família era ensinada (por meio de propagandas publicitárias e outros meios culturais) a multiplicar seus desejos além do que até mesmo um salário decente poderia sustentar, as mulheres acharam necessário trabalhar fora de casa. Mas o trabalho no lar ainda tinha de ser feito. Por isso, os restaurantes, as creches, os serviços domésticos, etc., se expandiram. Esses são caros, e muitas famílias recorreram ao Estado em busca de ajuda”.
O resultado, explicou ele, é um Estado assistencialista em que a população, mesmo quando não está recebendo diretamente benefícios do governo, fica totalmente dependente do Estado para manter um padrão de vida artificialmente elevado. E embora as demandas financeiras sobre a família experimentem limites naturais, não há tal limite quando o Estado substituiu a família como a unidade fundamental da economia. As tensões dessas demandas acabam ultrapassando a capacidade do Estado prover.
Essa situação vem sendo acelerada pelos antigos sistemas assistencialistas da Europa que intervêm nos cidadãos desde o nascimento até a morte, e o resultado parece ser uma espiral inescapável em direção ao caos econômico e social. Embora a União Europeia esteja desesperadamente atrás de países dispostos a contribuir para seus planos de socorro financeiro de vários bilhões de euros, e a população continue a esperar maciços programas sociais públicos, o público está cada vez mais perplexo com as políticas da União Europeia de dívidas estatais cada vez maiores.
Daniel Hannan, político do Partido Tory e membro eurocético do Parlamento Europeu, escrevendo no jornalSunday Telegraph deste final de semana resumiu a opinião pública em toda a Europa, dizendo que as pessoas “não compreendem o motivo por que a União Europeia está acelerando todas as políticas que criaram a crise em primeiro lugar”.
Resumindo boa parte da opinião popular em toda a Europa, Hannan escreveu: “Eles não entendem o motivo por que o governo central europeu em Bruxelas está tratando a crise de dívida fazendo mais dívidas. Eles não entendem como a Grécia pode ser ajudada com mais empréstimos. Eles não entendem o motivo por que os interesses dos povos da Europa estão sendo sacrificados, tudo para se manter o euro unido. Eles não entendem o motivo por que a UE está acelerando todas as políticas que criaram a crise em primeiro lugar”.
De acordo com Medaille, a crise do euro é de fato um bom exemplo do problema de substituir concretas realidades humanas com ideologias como o alicerce das economias modernas.
“Uma moeda expressa uma economia, mas a Europa não tem uma economia, mas muitas. E tratar a Grécia como a Alemanha ofereceu benefícios de curto prazo para ambos, ao custo da estabilidade de longo prazo. Estamos no longo prazo, e agora não há nenhum jeito de estabilizar as coisas”.
Na Europa o público está perplexo e recorrendo à ira enquanto o euro e possivelmente o “projeto europeu” inteiro — o de criar um gigante superestado — parecem estar cambaleando.
Na Inglaterra o governo de coalizão de David Cameron está sob ameaça à medida que crescem as demandas tanto do público quanto do seu gabinete governamental para se fazer um referendo sobre o lugar da Inglaterra como membro da UE, umas das principais promessas de campanha que Cameron renegou logo nas primeiras semanas depois de assumir como primeiro-ministro. Cameron foi confrontado nesta semana pelos ministros de seu gabinete. Eles estavam irados com uma potencial conta de 40 bilhões de libras para resgatar o euro.
O público alemão também está se opondo de modo vociferante ao fato de que os impostos deles vão dar suporte para o que é visto como governos irresponsáveis e corruptos da região mediterrânea, enquanto a economia da Irlanda, que começou a crescer de forma acelerada recentemente, está cambaleando sob o peso de bilhões de euros de dívida imposta pelo Fundo Monetário Internacional e pela UE.
Os líderes da UE estão desesperadamente buscando assistência financeira, até mesmo de economias de segunda e terceira categoria como Brasil, África do Sul e Rússia. A China parece ter categoricamente recusado atender aos pedidos de assistência, com a agência noticiosa oficial Xinhua dizendo num editorial: “A China não pode assumir o papel de um salvador para os europeus, nem fornecer uma ‘cura’ para o declínio moral e social da Europa. Obviamente, cabe aos próprios países europeus tentarem resolver seus problemas financeiros”.
Para ler mais sobre Distributismo como uma solução alternativa para o globalismo econômico: The Distributist Review
Traduzido por Julio Severo: www.juliosevero.com

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

O bebê de Stacie Crimm


O bebê de Stacie Crimm

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Mãozinha de bebeStacie Crimm é o nome da mulher quevirou notícia ao abrir mão de um tratamento de câncer para não prejudicar sua gravidez.
Stacie, 41, descobriu que tinha um câncer de cabeça e pescoço pouco depois de ficar grávida. Contrariando a tendência de discurso atual, que defende a preservação da vida da mãe em detrimento da do feto, ela decidiu então abrir mão da sua única chance de sobrevivência – uma quimioterapia – para garantir o bom desenvolvimento do bebê em seu ventre.
Sua filha, Dottie Mae, nasceu prematuramente de cesariana, em Agosto, pesando apenas 1kg, após Stacy passar mal em casa. Logo após o parto, a mãe entrou em coma, vindo a falecer três dias depois. Antes, porém, ela teve a oportunidade de ver sua filha em seus braços por um breve momento, graças ao esforço das enfermeiras que comovidas pelo caso, se empenharam em levar por alguns instantes o bebê da unidade intensiva onde estava, para o outro prédio, onde estava a mãe.
A criança, agora, será criada por Ray Phillips, irmão de Stacie, e Jennifer, esposa dele. Perguntado sobre como ele no futuro explicaria a Dottie Mae, sobre o sacrifício da mãe, Phillips respondeu: “Eu não direi nada a ela. Acredito que ela mesma irá tirar suas conclusões”

FOTOFOBIA


Fotofobia

 | Em ComportamentoCristianismoSociedade

Fotofobiafotofobia:
sf. (foto+fobia) Intolerância à luz, sintoma próprio de certas afecções nervosas.
A notícia envolve uma estranha ironia:Joilson, um motorista de ônibus encontra quase 75 mil reais e, em lugar de fazer o que muitos fariam, devolve todo o dinheiro ao dono. A ironia é que isso gera entre seus pares incômodo suficiente para que Joilson tenha seu crachá funcional jogado no vaso sanitário por um colega não identificado, além de ver escritas na parede do banheiro as palavras “Chagas otário”.
A verdade é que essa é uma circunstância recorrente. Vivemos num mundo onde a verdade, a decência, a boa-vontade, a honestidade são cada vez menos recompensadas. Anos atrás uma pesquisa constatou que o altruísmo e a generosidade já são considerados sinais de fraqueza. A essa altura, podemos dizer que estas virtudes não apenas deixam de ser recompensadas, mas também causam desconforto e são punidas.
A melhor explicação para isso eu ainda encontro na cosmovisão bíblica. Ali, o homem vive numa desconexão inevitável contra o que ele é e o que gostaria de ser por causa da “Queda”: O homem fez uma escolha contrária a vontade de Deus e como consequência foi destituído de sua condição de plenitude original.
Por conta disso, o homem vive em um descompasso consigo próprio, que o leva em última instância a desistir de ser o que foi designado ser e, em seu interior, deseja ser. Assim, ele procura destruir todo o referencial que coloque o nível moral em um patamar um pouco acima da mediocridade, pois dessa maneira ele evitará algo que o faça se sentir inferior.
Senão vejamos, o que interessaria para os colegas do cidadão, ou que diferença faria que ele devolvesse o dinheiro ou não? Alguém ali ficaria mais rico ou mais pobre? Com certeza não financeiramente, mas, moralmente, alguém se viu falido por lá.
Um rabino do primeiro século disse certa vez que “aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas”. Esse é o fenômeno da fotofobia aplicada à nossa sociedade global contemporânea. A obscuridade torna tudo difuso e nebuloso, trazendo ambiguidade e incerteza. A clareza e a transparência das coisas incomoda, porque com elas é possível o confronto, a comparação, a aferição com as quais se revela a verdade oculta no interior de cada um, onde os valores de cada um são mensurados sem possibilidade de adulteração.
Por isso mesmo atitudes como a de Joilson provocam tamanha reação em contrário. Elas trazem luz e obrigam a uma reflexão que nem todos estão dispostos a fazer.