quarta-feira, 15 de junho de 2011

O ateu e o mal


Gregory Koukl
por Hamilton Furtado, terça, 14 de junho de 2011 às 19:18

Depois de décadas discutindo o problema do mal, eu descobri uma abordagem que tem maciçamente simplificado minha tarefa, que sutilmente vira o jogo com os ateus, pendurando-os adequadamente sobre os chifres de seu próprio dilema.

Veja como ele funciona. Eu não começo a minha resposta com preocupações tácticas (manobras sobre as especificidades), mas sim com um ponto estratégico (o quadro geral) pretendendo mostrar que o ateu ele próprio não está fora do cerco do problema do mal.

Para preparar o terreno, começo esclarecendo o desafio em termos nítidos. Eu explico a lógica da denúncia. Então, eu ofereço uma anedota, ilustração ou notícia com cenas fortes (sempre há algum horror nas manchetes), acentuando a gravidade do protesto do ateu. Em suma, tento aumentar a força emocional da objeção.

Em seguida, eu digo ao público que não lido com o problema em primeiro lugar como teólogo ou filósofo, ou mesmo como um cristão, mas como um ser humano tentando entender o sentido do meu mundo. Provas do mal abundam flagrantemente. Como faço para contabilizar tal depravação?

Mas, eu sou rápido para acrescentar – e aqui é o movimento estratégico –  eu não estou sozinho. Como teísta, eu não sou o único confrontado com este desafio. O mal é um problema para todos. Toda pessoa, independentemente da religião ou visão de mundo, deve responder a essa objeção.

Até mesmo o ateu. E se alguém é assaltado por uma tragédia pessoal, afligido por eventos mundiais, vitimados pela corrupção religiosa ou abuso e responde a isso com uma rejeição a Deus tornando-se ateu (como muitos fizeram)? Note que ele não resolveu o problema do mal. Ele simplesmente eliminou uma possível resposta: o teísmo.

O ateu não pode levantar a questão, virar nos calcanhares e dar no pé. Sua objeção é que o mal existe realmente, objetivamente, como uma característica real do mundo. De outro modo, por que levantar a questão? Mesmo que o teísmo não consiga dar uma resposta satisfatória, o problema não desaparece. O mal continua.

O ateu ainda tem de responder à pergunta: "Como posso explicar o mal agora, como um ateu? Como faço para responder ao problema do mal de uma visão de mundo materialista?" Ele já não tem os recursos do teísmo para sacar. Então o que é que restou a ele?

Há apenas uma solução para ele. O ateu tem que jogar a carta do relativismo. A moralidade é tanto o produto de um contrato social ou um truque da evolução. Isso é o melhor que o materialismo pode fazer. Sua própria resposta ao problema do mal, então, é que não há nenhum problema do mal. A moralidade é uma ilusão. Seja o que for, é certo. Nada mais pode ser dito.

Você vê em que lugar difícil isso coloca o ateu? Se esta é a resposta certa para o problema do mal, então a sua queixa inicial desaparece. O único mal que pode começar a tracionar um problema contra Deus deve ser algo real – mal objetivo – não apenas uma invenção cultural ou biológica.

Aqui está a ironia. A existência do mal inicialmente torna o ateu furioso, mas a sua própria visão de mundo transforma o mal objetivo com o qual ele ficou tão indignado em uma completa ilusão.

O grande filósofo ateu do século 20, Bertrand Russell, perguntava como alguém pode falar de Deus, quando ajoelhado na cama de uma criança morrendo. Seu desafio tem força retórica poderosa. Como alguém pode se agarrar à esperança de um soberano benevolente e poderoso em face de tal tragédia?

Então, o filósofo cristão William Lane Craig oferece esta resposta: "O que o ateu Bertrand Russell vai dizer quando ajoelhado ao lado da cama de uma criança morrendo? "Muito ruim"? "Azar"? "As coisas são assim"? Não há final feliz? Nenhum sol por trás das nuvens? Nada além do devastador mal sem sentido?

Eles não podem falar da paciência e da misericórdia de Deus. Eles não podem falar da perfeição futura que aguarda todos os que confiam em Cristo. Eles não podem oferecer o conforto de um Deus redentor trabalhando para fazer com que todas as coisas cooperem para o bem daqueles que o amam e são chamados segundo o seu propósito. Eles não têm "boas notícias" de esperança para um mundo falido. Sua visão de mundo lhes nega esses luxos.

O que me leva à questão mais importante a fazer sobre o problema do mal: Que visão de mundo tem os melhores recursos para dar sentido a este desafio?

A resposta não é o ateísmo. A resposta para o mal é Deus, em Jesus, na cruz, no Calvário. As particularidades ainda devem ser desenvolvidas. Mas eu começo com a questão estratégica, primeiro. Isso define o cenário. Só depois posso entrar em detalhes.

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