quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Herança para um assassino


Herança para um assassino

George Whyte

Joubert de Oliveira Sobrinho
Devocional CRE de 07.11.11

O que é uma herança? É aquilo que se herda ou que se deve herdar; é o legado, o domínio; a posse de algum valor ou bem; a hereditariedade. É também aquilo que se transmite com o sangue.

Anos atrás, em São Paulo, uma filha planejou a morte de seus pais. Porém, após o crime, a polícia descobriu seu plano. Ela e os assassinos foram presos. Depois de alguns anos, da cadeia, ela resolveu solicitar a herança que seria sua com a morte dos pais. Mas a Justiça lhe negou o direito, visto que este era um dos motivos do seu crime. De fato, nosso senso de justiça discorda e não concebe que um assassino receba qualquer benefício de suas vítimas, muito menos alguma herança.

Se pensarmos bem, foram os nossos pecados que estavam sobre Jesus quando ele estava na cruz; foram as nossas culpas que o fizeram morrer:

Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho; mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos. 
Isaías 53:4-6


Mesmo assim, sem que merecêssemos, ele entregou a vida por nós para nos dar o direito de possuir uma rica e eterna herança:

Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo;

George Wythe foi um homem que entendeu bem esta mensagem de graça e salvação de Jesus. Ele nasceu no condado de Elizabeth em Virgínia, EUA. Seu pai faleceu quando ele tinha apenas três anos e sua mãe se responsabilizou pelos seus estudos em casa. Depois de alguns anos sua mãe o chamou e lhe disse: - George, você já está grande e pode receber de presente algo que seu pai deixou para você. E levando George à biblioteca do falecido pai, mostrou-lhe os livros e disse: - A partir de agora você poderá conhecer os segredos da ciência e as melhores ideias que foram deixadas no mundo. Todos estes livros são seus.

Casa de George Wythe em Williamsburg, Virgínia

Naquele tempo os livros eram muito caros, mas George fez bom uso deles. Passava boa parte do dia lendo-os e adquiriu grande conhecimento dos clássicos e das obras que seu pai havia colecionado. George especializou-se nas Leis e se tornou um Advogado, Juiz e Professor de Direito, inclusive foram seus alunos dois futuros presidentes: Thomas Jefferson e James Monroe. Para ajudar alunos de Direito que eram carentes, muitas vezes George os levou para morar em sua casa. Ele foi eleito para a Câmara dos Burgueses, prefeito de Williamsburg e um dos signatários da Declaração da Independência da Virgínia, que precedeu a independência dos Estados Unidos.


George passou a opor-se veementemente à escravatura e libertou todos os seus escravos. Já com idade avançada vivia com dois de seus ex-escravos, Lydia Broadnax, e um jovem chamado Michael Brown. Wythe gostava tanto de Michael que ele o nomeou para herdar parte de sua propriedade. Também vivia com ele seu sobrinho-neto, George Wythe Sweeney. Sweeney, que iria herdar a maior parte da propriedade, fez dívidas enormes no jogo. Inicialmente, Sweeney forjou o nome de seu tio em cheques, mas cada vez mais desesperado por dinheiro, ele despejou veneno no café do tio George Wythe, Michael Brown e Lydia Broadnax. 

Michael morreu primeiro. Lydia, que sobreviveu, contou para George ter visto o sobrinho colocando um pó no café deles. Percebendo que não se recuperaria, George mandou buscar seu testamento e o reescreveu deixando parte de seus bens para Lydia, parte para alguns netos de sua irmã e legou sua valiosa biblioteca e aparato filosófico para seu amigo, o Sr. Thomas Jefferson (que posteriormente a doou para o Congresso americano).


Havia uma abundância de provas contra Sweeney, mas em Virgínia a lei não permitia que negros testemunhassem contra brancos no tribunal, de modo que Lydia não foi ouvida e Sweeney foi absolvido da acusação de assassinato. George Wythe, aos 80 anos, prestes a morrer envenenado pelo próprio sobrinho, a tempo o retirou de seu testamento, deixando ao assassino algoz uma única e especial herança declarada nestes termos:

“Ao meu sobrinho-neto, George Wythe Sweeney, deixo unicamente o meu PERDÃO...”



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