sábado, 30 de outubro de 2010

A integridade é como uma cidade sobre um monte



A integridade é como uma cidade sobre um monte
Dn 6.1-16


Joubert de O. Sobº
Devocional CRE – 25.10.10

Integridade é retidão, honradez, pureza intacta. Aquele que é íntegro tem comportamento exemplar; procura fazer o que é correto em todas as áreas da vida; faz o que é certo ainda que sofra castigo. Daniel era um homem íntegro. Foi jogado na cova dos leões não porque tinha feito algo errado, mas porque fizera o que era correto! Bem, o mundo é assim. Embora o certo mereça recompensa e o errado castigo, nem sempre é o bom senso que impera.

O rei Dario pensou numa nova maneira de administrar seu reino: ele nomearia 120 presidentes e, sobre eles, três príncipes a quem os presidentes dessem conta. Isto o preservaria de sofrer desgastes, danos e perdas. No entanto, aos olhos do rei, Daniel se distinguia dentre os três porque possuía um espírito excelente. Tanto que pensou colocá-lo acima dos três príncipes. Este fato trouxe a imediata inveja dos demais. Daniel tinha mais de 80 anos quando este fato ocorreu.

Motivados pela inveja puseram os olhos sobre Daniel na intenção de pegá-lo em algum erro. No entanto, Daniel tinha a sua integridade visível a todos e eles tiveram que atestar se aquilo que viam era mesmo real. Vejamos as constatações dos que estavam ao redor de Daniel:

1.      O espírito excelente

Então, o mesmo Daniel se distinguiu desses príncipes e presidentes, porque nele havia um espírito excelente; e o rei pensava constituí-lo sobre todo o reino. Dn 6.3

A palavra excelente também significa extraordinário. O espírito de Daniel tinha algo mais que o colocava acima de todos os outros. Isto já tinha sido notado antes, Dn 5.10-12; a rainha notificou a Belsazar do espírito excelente de Daniel capaz de desvendar as letras escritas na parede. De onde vinha este espírito excelente de Daniel? Da sabedoria divina que habitava seu coração. Desde criança era temente ao Senhor e, o temor do SENHOR é o princípio da sabedoria, Sl 111.10; Pv 9.10. Deus lhe capacitou com o dom de entender visões e sonhos, Dn 1.17, Ora, a esses quatro jovens Deus deu o conhecimento e a inteligência em todas as letras e sabedoria; mas a Daniel deu entendimento em toda visão e sonhos.

Hoje é o Espírito Santo habitando em nosso interior, Rm 8.9-16, que pode tornar nosso espírito excelente e a nossa vida extraordinária. Ele pode frutificar em nós o caráter de Jesus, Gl 5.22,25 e nos permitir usar os dons que lhe pertencem, Hb 2.4; 1Co 12.7-11. Os “espíritos excelentes” em Jesus terão destaque onde quer que estejam, quer para receber admiração de reis, quer para ser alvo da inveja dos que sentem ódio e desgosto pelo bem alheio. Estejamos preparados.

2.      Fidelidade no trabalho

Então, os príncipes e os presidentes procuravam achar ocasião contra Daniel a respeito do reino; mas não podiam achar ocasião ou culpa alguma; porque ele era fiel, Dn 6.4

Os olhos dos invejosos focaram as atividades de Daniel nas coisas do reino, isto é, em seu trabalho. Ser um alto funcionário do reino era uma grande responsabilidade. Certamente ele tinha poder de decisão e influência sobre muitos assuntos, responsabilidade por várias áreas e estruturas fundamentais do reino. Suas ações passaram pelo crivo de quem procura erros com avidez, de quem o media pela régua de especialistas em enganos, embustes e artimanhas. Esse grupo de consultores indesejados teve que atestar que, na rotina de trabalho de Daniel, nada o desabonava.

Se nossa rotina no trabalho passasse por uma “consultoria” destas, com má intenção, disposta a encontrar qualquer coisa que justifique uma reprovação, será que teríamos o mesmo resultado? Na verdade muitos executivos e donos de negócios e empresas procuram por gente fiel e estão dispostos a recompensar muito bem esta confiança, mas o homem fiel, quem o achará? O justo anda na sua integridade (RA), Pv 20.6,7.

É nosso dever trabalhar como se trabalhássemos para Deus, afinal os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os seus ouvidos, atentos às suas orações; mas o rosto do Senhor é contra os que fazem males, 1Pe 3.12. Portanto urge que tenhamos uma vida profissional honrada e honesta perante os homens para que não tenham nenhum mal a falar de nós, como diz 1 Pedro 3.16: tendo uma boa consciência, para que, naquilo em que falam mal de vós, como de malfeitores, fiquem confundidos os que blasfemam do vosso bom procedimento em Cristo.

3.      Pureza pessoal

Então, os príncipes e os presidentes procuravam achar ocasião contra Daniel...
e não se achava nele nenhum vício nem culpa, Dn 6.4

Já que não encontraram nada na vida profissional de Daniel, os invejosos voltaram suas lentes (microscópicas e telescópicas) a examinar minuciosamente sua vida íntima, sua prática pessoal. Examinar alguém na intimidade dá trabalho. Não é tão simples. É preciso acompanhar cada passo, cada decisão, cada deslocamento. E tudo discretamente.

Muitas pessoas deveriam estar envolvidas no acompanhamento de Daniel. O que fazia ele em seu tempo de folga? Qual era sua rotina quando ficava em casa? E quando saía, para onde ia? Que lugares ele costumava freqüentar? Teria ele alguma fraqueza sexual? Como era seu relacionamento com os amigos? Teria Daniel algum vício escondido, alguma dependência? Alguma prática dele era excessiva, descontrolada, indecente a ponto de envergonhá-lo, denegrir sua imagem, manchar a sua dignidade perante o rei, caso viesse a público?

Depois de minuciosa investigação e rigorosa observação foram obrigados a constatar que a vida pessoal de Daniel era isenta de impurezas, totalmente verdadeira, irrepreensível e límpida. Ele não escondia nada de ninguém.

Alguém já disse que o que somos realmente, é demonstrado no que fazemos quando estamos sozinhos. Temos práticas pessoais que seriam reprováveis se expostas aos nossos parentes e amigos? Escondemos alguma coisa? Sabemos que diante de Deus não há como esconder nada, Sl 139.8-13. E se tivermos algo vergonhoso em nossa vida que nos reprovaria? Temos saída: Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. 1Jo 1.9.

O sacrifico de Jesus nos proporciona purificação de nossos pecados se andarmos em comunhão, 1Jo 1.7, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado. Obedecendo a Palavra de Deus nossa alma é purificada, 1Pe 1.22; Ef 5.26. A finalidade de Deus ao nos salvar é que seu amor habite num coração puro, com uma boa consciência e fé sincera e verdadeira, Ora, o fim do mandamento é a caridade de um coração puro, e de uma boa consciência, e de uma fé não fingida, 1Tm 1.5. Portanto, podemos ter uma vida pura diante de Deus, a ponto de ser reconhecida diante dos homens, como Daniel teve.

4.      Constante comunhão com Deus

Daniel, pois, quando soube que a escritura estava assinada, entrou em sua casa (ora, havia no seu quarto janelas abertas da banda de Jerusalém), e três vezes no dia se punha de joelhos, e orava, e dava graças, diante do seu Deus, como também antes costumava fazer. Dn 6.10

Já que não encontraram nada em sua vida profissional que pudesse infamá-lo, nem em sua vida particular que pudesse manchá-lo, resolveram criar uma lei que ele não poderia deixar de transgredir. Para eles ficou evidente que ele tinha uma forte devoção para com Deus, e este relacionamento era de suma importância para sua vida. Contrariar esta prática era a única oportunidade deles: Então, estes homens disseram: Nunca acharemos ocasião alguma contra este Daniel, se não a procurarmos contra ele na lei do seu Deus, Dn 6.5. Talvez eles tenham até pesquisado a Lei de Moisés a fim de saber os mandamentos a que Daniel se submetia.

Assim, em conspiração contra Daniel, príncipes e presidentes elaboraram um edito real que proibia, por trinta dias, qualquer pessoa fazer qualquer petição a outro deus senão ao rei. A transgressão desta ordem seria punida com o lançamento do transgressor na cova dos leões. O rei aceitou acolher a sugestão de seus subordinados.

Daniel, ao saber do edito, não mudou seu costume, não se desesperou, não reclamou com o rei, não passou a orar escondido. Levou seu caso para o Senhor em oração como era sua prática. Continuou a fazer aquilo que constituía seu hábito: voltou para casa. No andar de cima havia um quarto com janelas que davam para Jerusalém. Daniel abriu as janelas, ajoelhou-se e orou, dando graças ao seu Deus. Ele costumava fazer isso três vezes por dia. Dn 6.10 LH.

O rei Davi já tinha expressado a mesma situação no Salmo 55. Ele sofria com a opressão dos inimigos e muito mais com a traição de quem andava ao seu lado, os amigos íntimos. Davi espera em Deus e declara: v.16,17, Mas eu invocarei a Deus, e o SENHOR me salvará. De tarde, e de manhã, e ao meio-dia, orarei; e clamarei, (o dia hebreu começava de tarde, portanto a ordem das orações mencionam o dia inteiro) e ele ouvirá a minha voz. Daniel, como profundo conhecedor das Escrituras, bem poderia tem se lembrado deste salmo em sua oração após saber do edito real que certamente o condenaria.

A oração precisa tornar-se um hábito. Um hábito se obtém com a prática. Se a prática é má isto se chama vício. Se a prática é boa isto se chama virtude. A oração deve se tornar uma virtude. É um costume que os discípulos devem desenvolver. O quanto antes melhor. Como está sua prática da oração? Costuma separar tempo durante o dia para conversar com o Pai? No momento de crise é esta prática que nos dará equilíbrio e segurança das decisões que deveremos tomar. E já está próximo o fim de todas as coisas; portanto, sede sóbrios e vigiai em oração, 1Pe 4.7; Orai sem cessar, 1Ts 5.17.

A proteção e o juízo de Deus

Fato é que, mesmo contrariando a vontade do rei que percebeu a intenção dos conspiradores, Daniel foi lançado na cova dos leões. Porém o Senhor fechou a boca dos leões que não o tocaram durante toda a noite. Pela manhã o rei o encontrou ileso, o retirou da cova e puniu com o mesmo rigor seus inimigos, lançando-os com seus familiares na mesma cova, onde os leões os despedaçaram. Dn 6.11-28.

Ser íntegro é ser reto em todas as coisas e não somente em parte delas

Charles Swindoll conta, em seu livro Firme Seus Valores, sobre um rapaz que, acompanhado de uma jovem, entrou numa loja de frango frito para comprar algo para comer em seu passeio romântico. Pediu uma caixa grande de frango frito o qual pagou e saiu rapidamente. Ao abrir a caixa na hora de comer notou que em seu interior, ao invés de frango frito, havia muito dinheiro. O gerente da loja pegou todo o dinheiro das vendas do fim de semana e escondeu numa caixa grande de frango frito. Na hora de entregar o pedido entregou a caixa errada.

O jovem admirado imediatamente fechou a caixa, entrou no carro com a jovem e voltou à loja. Mostrou o conteúdo ao gerente que ficou muito espantado. Aliviado, agradeceu, pediu desculpas, deu-lhe uma caixa de frango frito e, quando o jovem fazia menção de sair, pediu:
- Espere. Tenho um amigo que trabalha no jornal da região e eu poderia chamá-lo para contar esta história; você é um exemplo de honestidade; eu poderia tirar uma foto sua....

O jovem negou veementemente. Como o gerente insistia, ele se aproximou e disse em voz baixa:

- Deixa pra lá, esquece. A menina ali no carro não é a minha esposa... E foi saindo enquanto o gerente, um tanto engasgado, tentava processar a informação.

Como pode alguém ser tão honesto com o dinheiro alheio e tão desonesto com a esposa? É assim que muitas vezes somos: justos em algumas coisas e injustos em outras. Deus quer nos fazer íntegros, justos por inteiro, dignos em tudo o que fazemos: 1Pe 1.15, mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver. Vimos que a verdadeira integridade não pode ser ocultada, omitida ou escondida. Somos como a cidade que Jesus mencionou: - Vocês são a luz para o mundo. Não se pode esconder uma cidade construída sobre um monte, Mt 5.14.

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