quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Se eu pudesse ser um pardal...



Se eu pudesse ser um pardal...

Devocional CRE – 23.08.2010
Joubert de Oliveira Sobrinho

No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus... E o Verbo se fez carne e habitou entre nós... João 1.1,14

A ENCARNAÇÃO NAS ESCRITURAS
A encarnação é um dos mais maravilhosos ensinamentos das Escrituras. É um mistério que nos foi revelado em vários momentos. Primeiro havia a promessa de Deus, no Antigo Testamento, de que o Messias, o Ungido, viria para salvar-nos. Durante dezenas de séculos essas promessas foram sendo confirmadas por Deus através de seus profetas que as documentaram, Isaías 7.14.

Até que um dia o anjo Gabriel anunciou à Maria que ela teria um filho gerado pelo Espírito Santo em seu ventre e o nome dele seria Jesus (Y@howshuwa = Jeová é Salvação), Lucas 1.26-38. Paulo chama esse momento de “a plenitude do tempo”, em que Deus enviou seu Filho, Gálatas 4.4, indicando que aquele era o instante exato em que deveria ter acontecido, Mateus 1.23.

Também jamais nesta vida compreenderemos a totalidade desta experiência. Imagine que você nasceu de família muito rica, possuindo muitos bens, rodeado de todo amor, cuidado e afeto que sempre quis e, de repente, você acordasse sobre jornais, debaixo de uma ponte, com fome, todo sujo e maltrapilho, ao lado de um esgoto e com ratos caminhando a o seu redor. Por mais perplexo que você possa ficar ao pensar como seria desagradável esta experiência, com Jesus foi infinitamente mais chocante. Paulo o descreve em Filipenses 2.5-11.

Jesus, que, embora sendo Deushttp:, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servohttp://, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em formahttp:// humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz! Por isso Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai.

Auto-aniquilação e auto-humilhação
Jesus era Deus, o Verbo, e vivia envolvido na glória divina desde a eternidade, mas por amor a nós, a fim de nos abrir o caminho para o Pai e nos salvar, aceitou enfrentar um processo de auto-aniquilação, traduzido como a frase: “esvaziou-se” de si mesmo; ou seja, tornou-se nada, vazio, ou anulou a forma de Deus (não a essência) para assumir a forma humana (corpo físico, mas sem pecado). Mas não foi só isso. Depois ele se submeteu a outro processo: o de auto-humilhação, pois, na forma de homem, ao invés de ser um nobre, poderoso e rico governador, tornou-se servo obediente até a morte mais cruel e vergonhosa: na cruz.

Após cumprir sua missão, Deus exaltou Jesus acima de tudo, restaurou-lhe a glória da qual havia aberto mão, confirmou-lhe o nome de autoridade, Jesus, conquistado sobre tudo e todos. Diante dele e ao nome dele todos hão de se prostrar e se submeter um dia. Nós temos o privilégio de fazer isto desde já. Você também?

HÁ UM FORTE MOTIVO PARA DEUS TER VINDO À TERRA
Havia um homem idoso que, após a morte da esposa, resolveu morar nas montanhas. Os membros da igreja de sua esposa periodicamente iam visitá-lo desejando que ele não ficasse tanto tempo sozinho. Um homem foi visitá-lo com seu filho certa manhã. Além de levar uma cesta com bolinhos e geléias feitos em casa pretendiam convidá-lo para as comemorações da véspera de Natal da igreja. Quando ouviu o convite, seu semblante mudou. Balançando a cabeça negativamente foi dizendo que não comemorava o Natal desde a morte da esposa e, além disso, não via nenhum motivo para Deus ter vindo à terra como homem. Logo depois, olhando pela janela, agradeceu e recomendou que pai e filho se apressassem para ir embora antes da tempestade que estava para cair. Um pouco frustrados, pai e filho partiram.

Aquele idoso de barba branca sentou-se ao lado da lareira. A nevasca estava chegando e o vento esfriava ainda mais. De repente ele ouviu um barulho estranho. Lá fora um bando de pardais batia na vidraça fugindo da tempestade. Sabendo que os pardais morreriam se não se refugiassem em um abrigo, colocou um casaco e foi até o celeiro. Abriu as portas na esperança de que os pardais ali se refugiassem. Eles não vieram. Então acendeu a luz para atraí-los. Nada. Os pardais estavam desorientados. Ao ver que não entravam, jogou um pouco de fubá perto da porta. Mas eles se dispersaram. A nevasca já começava a cair e o velho resolveu se agachar ao lado do celeiro esperando que entrassem, mas os pardais estavam tão atemorizados que não entendiam a ajuda disponível.

Cansado e decepcionado o velho pensou: Se eu pudesse ser um pardal, eles não teriam medo de mim. Eu poderia explicar que não quero prejudicá-los. Só quero protegê-los da tempestade. Imediatamente  lembrou-se das palavras que sua esposa um dia havia lhe dito: Deus veio à terra como homem porque não havia outro meio de provar o quanto Ele nos ama. Lágrimas desceram pelo rosto do velho enquanto olhava os pardais do lado de fora do celeiro. Jamais poderia dizer novamente que não via nenhum motivo para Deus ter vindo à terra como homem. Também haveria de repensar o convite para as comemorações do Natal com seus irmãos.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

O que será deste país?



O que será deste país?
Meditações inspiradas no Horário Eleitoral Gratuito

Joubert de O. Sobº
Capelão CRE

No começo eu ri fartamente vendo o horário eleitoral gratuito, especialmente a parte dos deputados. Parece um programa humorístico de mensagens curtas. Cada um quer que seu recado seja mais relevante que os outros, diferente. Vale tudo para chamar a atenção e, por isso, acaba sendo inevitável que se desista da seriedade e se descambe para o tom irônico, divertido, sensual e burlesco.

Alguns são tão endurecidos na postura que gravam as vinhetinhas como se tirassem fotografia: mexem somente a boca. Outros repetem o seu número de candidato como se a gravação estivesse com defeito. Uns são tão cínicos que sorriem falando de coisas tristes. Outros imitam descaradamente a voz e a imagem dos que conseguiram atrair muitos votos no passado.

Outra se apresenta como mulher “fruta” e com curvas à mostra manda beijinhos pedindo voto. Enquanto os mais desesperados apresentam com rapidez seus currículos imensos tentando convencer pela incompreensibilidade.

O maior símbolo desta leva é o palhaço Tiririca. Pelo jeito vai estourar de tanto voto. Ele é o palhaço do povão. Porém com seu jeito característico diz com sincera irreverência:

- Vote em mim... Quero ser deputado pra ajudá os mais necessitado, inclusive a minha família...
- O que é que faz um Deputado Federal? Pergunta para logo em seguida responder:
- Na realidade eu não sei. Mas vote em mim que eu te conto...
- Vote no Tiririca. Pior do que tá não fica...
- Se você votá ni mim (sic) eu vô tá em Brasília fazendo o coisa da vida de nosso Brasil, a nossa vida, o nosso momento, o nosso...das coisa... que nóis temos...
- Vote no abestado!

Bem, depois de rir pensando que todo reino que se preze deve ter uns bons truões, os bobos da corte, comecei a lamentar profundamente. A lei eleitoral proíbe a entrevista de candidatos nas rádios e TVs. A única maneira de conhecê-los comparativamente é o horário eleitoral ou se você pesquisar profundamente e correr atrás das informações através de sites de seus partidos. Quantos farão isto?

O Tiririca com escrachos expôs o viés comum dos políticos: favorecimento de familiares e amigos, desconhecimento da real atividade de um deputado federal e sua responsabilidade perante a nação, desvalorização da casa das leis do país, junção de “abestados” de interesse próprio e não nacional.

O Deputado federal é o cidadão eleito para a Câmara dos Deputados (composta por 513 membros), uma das duas casas do poder legislativo federal no Brasil. A representatividade de cada estado é proporcional ao número de habitantes. De acordo com a Constituição federal do Brasil de 1988, é o representante nacional popular, eleito por voto direto. O mandato é de quatro anos, podendo o candidato concorrer a sucessivas reeleições.

1.      Compete ao deputado federal o ato de legislar e manter-se como guardião fiel das leis e dogmas constitucionais nacionais.
2.      Ele pode propor emendar, alterar, revogar, derrogar leis, leis complementares, emendas à Constituição federal e propor emendas para a constituição de um novo Congresso Constituinte (para confecção de nova Constituição).
3.      Participa das Comissões Permanentes, que avaliam e emitem pareceres sobre as propostas em tramitação na Câmara.
4.      Cabe ao Deputado discutir a proposta de orçamento elaborada pelo Executivo, apresentar emendas e definir onde serão aplicados os recursos do Governo.
5.      Durante os quatro anos de seu mandato, participa das sessões plenárias e dos trabalhos das Comissões.
6.      Além disso, atende pessoalmente aos eleitores, encaminhando seus pedidos a órgãos governamentais ou apresentando, em Plenário, assuntos de interesse do segmento social ou da região que o elegeu.
7.      Ouve a opinião de grupos organizados que reivindicam a colocação de temas específicos em pauta.
8.      O deputado emite pareceres nas diversas comissões técnicas, sobre os projetos e demais assuntos acerca dos quais o Poder Legislativo deve manifestar-se. Pode também propor a instituição de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs).

(Retirado de um site de um parlamentar não citado para não fazer propaganda, ok?)

Não são poucas as responsabilidades de um Deputado Federal. Ele pode movimentar mudanças na Carta Magna, a Constituição do país, a maior autoridade da nação! Não deveria este cargo ser ocupado por gente preparada, com respaldo da comunidade no serviço comum, com o mínimo de condições para exercer as funções designadas a fim de não se tornar joguete ou voto comprável sob a pressão dos grupos de interesse?

A escola, que deveria formar minimamente as crianças para a cidadania, lhes dá uma formação vergonhosa. Ouvi recentemente uma escritora de teatro reclamar que os novos atores decoram os textos, mas não entendem o sentido do que lêem; falam, mas não captam a mensagem, porque são analfabetos funcionais. Agora numa casa em que leis são escritas e elaboradas, onde contextos devem ser entendidos e discernidos deveriam estar pessoas capacitadas para isto.

O que será de nosso país? Oremos pela misericórdia divina. Este gigante está crescendo com pés de barro e em algum momento não suportará o próprio peso.  

Deus tudo sabe e conhece




Deus tudo sabe e conhece
Joubert de O. Sob°, pr.
Devocional CRE de 16.08.2010

SENHOR, tu me sondaste, e me conheces.
Tu conheces o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento.
Cercas o meu andar, e o meu deitar, e conheces todos os meus caminhos.
Sem que haja uma palavra na minha língua, eis que, ó Senhor, tudo conheces.
Salmo de Davi – 139.1-4

Quando é melhor não saber

Saber que Deus conhece todas as coisas é uma verdade admirável. A princípio pode trazer algum temor, porém, o melhor é a sensação de segurança para os que nele confiam. Davi, autor deste salmo, estava extasiado em pensar nisto: Tal ciência é para mim maravilhosíssima; tão alta que não a posso atingir, v.6.

Nós naturalmente somos curiosos. Queremos saber das coisas, entender como funcionam e como são controladas. Desejamos conhecer os mistérios. Claro; isto é bom e necessário. Saber como o corpo humano funciona e se comporta diante das circunstâncias nos ajuda a evitar doenças e sofrimentos.

Porém, somos limitados. Ainda não desvendamos os grandes mistérios da existência. Pior. Não sabemos o que fazer com certos conhecimentos que hoje temos acesso. Por exemplo: podemos através de exames e análises genéticas saber a tendência de desenvolvermos algumas graves doenças na maturidade e velhice. Para a maioria destas doenças não existe cura. Portanto, de que adianta saber que poderemos sofrer de determinada enfermidade no futuro se não teremos como evitá-la? Nossa vida atual se tornaria um tormento. Nesse caso é melhor não saber.

Deus sabe tudo. Sabe de nossas fraquezas e fortalezas, sentimentos e desejos, bons ou ruins. Conhece nossas células uma por uma, saudáveis ou enfermas. Jesus afirmou que até os cabelos de nossa cabeça estão todos contados, Mt 10.30. Ele também disse que não deveríamos nos preocupar com o dia de amanhã; basta que enfrentemos o mal de cada dia, Mt 6.34. E, diferentemente de nós, ele conhece e pode interferir e alterar as tendências previstas para a nossa vida conforme sua vontade.

O desejado casaco vermelho

Certa vez um homem deu à sua esposa 12 dólares que havia poupado*. Ele queria presenteá-la com um casaco bem espesso para enfrentar o inverno. Ela e a filha saíram para comprar o presente, apesar de imaginar que o dinheiro não seria suficiente para o casaco que desejava. Ela entrou um tanto duvidosa na loja que o marido havia sugerido. Dispensou uma vendedora que quis ajudá-la dizendo que estava só olhando.

A filha foi a primeira a ver dentre casacos expostos, o casaco vermelho, encorpado, do jeito que ela queria. Era o último daquele tipo e cor e estava entre outros casacos mais leves. Acima do cavalete estava escrito: Liquidação. A mãe, ao tirá-lo do cabide logo percebeu que era do seu tamanho. Era bem costurado e tinha o caimento perfeito. E o preço? 12 dólares! A menina foi a primeira a ver e logo foi dizendo: – Mamãe, este é o seu casaco; dá para comprar!

Apesar de contente por encontrar o casaco que tanto desejava, respondeu à filha: - Sim, filha é lindo. Mas tem alguma coisa errada. Veja os casacos mais finos ao redor. Custam o mesmo que este casaco vermelho. O preço deve estar errado, filha. A menina não entendia o raciocínio da mãe. – Mas mãe, o preço está aqui. É só levar ao caixa e pagar! Pensativa começou levar o casaco para o caixa. Mas viu outra senhora pagando por um simples chapéu o valor de 32 dólares e pensou: se um chapéu vale 32 dólares como um casaco como este pode custar 12? Deu meia volta e desistiu.

Parece que todas as cargas dos tempos de penúria caíram sobre ela enquanto devolvia o casaco ao suporte: - Deve haver algum engano. Não tenho dinheiro para pagar o preço correto deste casaco. Ele deve valer no mínimo o dobro deste valor. Definitivamente a filha não compreendia aquela menos-valia da mãe, a autocomiseração: – Mas, mãe... Sentia-se uma intrusa ali. Enquanto pegava a mão da filha e a puxava em direção à porta foi dizendo: – É tudo muito caro aqui, vamos embora.

Antes de chegarem à porta, elas perceberam uma distinta senhora conhecida da igreja chegar perto dos casacos e pegar justamente o casaco vermelho. Ela olhou o preço e elas puderam ouvi-la dizer à vendedora que a acompanhava: - Por que este casaco lindo está tão barato? A vendedora respondeu: - É uma promoção. Alguém o devolveu sem usar e, como está fora de moda... O preço é uma pechincha... A senhora o deu nas mãos da vendedora dizendo: - Vou levar este também.

Deus conhece nossos desejos e fragilidades

- Mamãe, aquele casaco é seu... A mãe começou a se condenar por não ter crido que aquele casaco era o que Deus havia providenciado para ela. Sentia-se culpada. O que diria ao marido? Tinha sido tola e orgulhosa. Com a mente em turbilhão saiu lentamente da loja e atravessou a rua em direção ao ponto do ônibus disposta a voltar para casa. Havia perdido uma imensa oportunidade. Não esperava encontrar outra no mesmo dia. Sentaram-se no banco do ponto de ônibus. – Por que você não comprou o casaco, mamãe?
- Eu não sei, querida...

- Com licença, disse alguém. - Por favor, perdoe-me o que vou fazer. Gostaria de dar isto a você. E estendeu uma sacola grande para a mulher que segurava a mão da filha. A mãe espantada segurou a sacola e viu que nela estava o casaco vermelho. A distinta senhora continuou: - Eu as vi na loja... Não sei se você vai acreditar, mas... O Senhor falou ao meu coração dá-lo a você. Não me leve a mal.

Constrangida a mãe disse: - Eu vi este casaco... Posso pagá-lo para a senhora... Eu tenho este dinheiro... Com lágrimas nos olhos a senhora recusou imediatamente: - Não, por favor, aceite. Devo dá-lo a você. Pareço uma maluca... Mas, entenda como um presente do Senhor. Adeus. Que o Deus a abençoe e sua família. A menina sorria. A mãe chorava agradecida.

Deus providenciou o casaco que ela desejava mesmo depois dela haver perdido a oportunidade de obtê-lo. Deus passou por cima da fragilidade de sua autoestima para lhe dar o casaco desejado sem usar o dinheiro que ela considerava insuficiente. Deus sabe tudo. Ele nos sonda e conhece.

*  O Casaco Vermelho, escrito por Melody Carlson, em Histórias para o Coração 2 de Alice Gray, pg. 73, Ed. United Press.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Nataniel Scheffler: A Difícil Arte de Jogar Fora

Nataniel Scheffler: A Difícil Arte de Jogar Fora: "Amo editar. Na edição é possível cortar todos os erros daquilo que uma pessoa falou. Ou é possível deixar somente as coisas erradas que ela..."

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Você pode escolher o bem



Devocional CRE - 09.08.10
Joubert de Oliveira Sobrinho

E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos,
se não houvermos desfalecido.
Gálatas 6:9

Há muitas pessoas cujo trabalho é fazer diretamente o bem. Por exemplo, um bom e honesto médico (ou médica) tem como prática buscar a restauração da saúde dos enfermos. Com seu conhecimento eles beneficiam os doentes providenciando cura ou alívio do sofrimento.

Um bombeiro diariamente trabalha com possibilidade de salvar vidas em situações de risco. São treinados para agir arriscando a própria vida a fim para livrar outros da morte, quer seja num edifício em chamas, nas águas revoltas de uma enchente, por entre destroços de um desabamento, etc.

Já pensou se um médico dissesse: - Cansei de fazer o bem; desisto. A partir de hoje escolho o mal. Vou adoecer pessoas e não curá-las. O que pensaríamos dele? Passaríamos bem longe de seu consultório! Na verdade ele seria um caso de polícia. Acabaria preso. E se o bombeiro dissesse: - Cansei de fazer o bem. Não vou salvar ninguém que esteja em perigo! Como o consideraríamos? Certamente alguém que perdeu o juízo.

O apóstolo Paulo nos orienta a não nos cansarmos de fazer o bem porque no tempo certo vamos colher frutos do bem que escolhemos fazer. Se desistirmos, nossa semeadura e colheita serão frustradas. Um cristão deve escolher o bem sempre. A palavra bem neste texto poderia ser traduzida como: bonito, gracioso, excelente, eminente, escolhido, insuperável, precioso, proveitoso, apropriado, recomendável, admirável. Escolher o bem em vez do mal é um princípio divino que acolhemos no coração quando nos convencemos da verdade. E são estas atitudes, condutas e escolhas genuinamente cristãs que calam os que contrariam a Deus:

Porque assim é a vontade de Deus, que, fazendo o bem,
tapeis a boca à ignorância dos homens loucos;
como livres e não tendo a liberdade por cobertura da malícia,
mas como servos de Deus.  1 Pedro 2.15,16

Um garoto foi pescar com o pai. Ansioso preparou vara, linha, anzóis e iscas. Eram dez horas da noite. A temporada de pesca da perca (um peixe de água doce) começaria a partir da meia-noite. Outros peixes poderiam ser pescados, mas a perca só depois da meia-noite. Era a lei que preservava a reprodução daquela espécie.

Enquanto o pai se preparava para a noite de pesca, o menino lançou a sua vara no lago. Rapidamente sentiu que um peixe fisgara a isca e não era um peixe comum. A força era anormal. Gritou para o pai pedindo ajuda. Deveria ser um peixe do tamanho que nem ele nem seu pai havia pescado antes. Cuidadosa e lentamente começou a trazê-lo. Quando o tirou da água era de fato uma imensa, enorme, grandiosa e arfante perca.

Ambos ficaram em silencio por um tempo. O garoto então disse: - Pai, nós nunca pescamos um peixe deste tamanho! O pai concordou com a cabeça e olhou para o relógio respondendo: - É uma beleza de peixe! Nunca pescamos um desse tamanho, filho! Mas é uma perca. Ainda não é hora em que podemos pescá-lo. O garoto ainda olhou ao redor a tempo de perceber que não havia ninguém que pudesse ver o que eles pescaram. Ainda disse como num lamento: - Faltam menos de duas horas... Talvez eu nunca mais pesque um desse tamanho novamente.  E o pai também lamentando: - É verdade filho. É bem provável que nunca mais consigamos pescar um desses. Mas temos que devolvê-lo ao lago.

Calado e obedientemente o garoto tirou o anzol da boca do peixe e o devolveu à água a ponto de vê-lo volumoso mover a superfície e sumir na escuridão das águas. E, como havia previsto, nunca mais conseguiu pescar uma perca daquele tamanho.

O menino cresceu, no entanto compreendeu a importância daquele momento em sua vida. Seu pai o ensinara que fazer o certo é o melhor em qualquer situação ou circunstância da vida. Mesmo quando ninguém está olhando. Agora ele colhia os frutos daquela escolha. O princípio de não se cansar de fazer o bem, o correto, o recomendado, o apropriado ficou interiorizado em seu coração e, por isso, podia dar graças a Deus.

Amado, não sigas o mal, mas o bem.
Quem faz bem é de Deus; mas quem faz mal não tem visto a Deus.
3 João 1:11

domingo, 8 de agosto de 2010

Stallone está certo


Stallone está certo
Olavo de Carvalho
Diário do Comércio, 28 de julho de 2010

A mídia inteira está brabíssima com Sylvester Stallone porque ele disse que no Brasil você pode explodir o país e as pessoas ainda lhe agradecem, dando-lhe de quebra um macaco de presente. Alguns enfezados chegaram até a resmungar que com isso o ator estava nos chamando de macacos – evidenciando claramente que não sentem a diferença entre dar um macaco e ser um macaco.
Da minha parte, garanto que Stallone só pecou por eufemismo. Macaco? Por que só macaco? Exploda o país e os brasileiros lhe dão macaco, tatu, capivara, onça pintada, arara, cacatua, colibri, a fauna nacional inteira, mais um vale-transporte, uma quota no Fome Zero, assistência médica de graça, um ingresso para o próximo show do Caetano Veloso e um pacote de ações da Bolsa de Valores. Exploda o país como o fazem as Farc, treinando assassinos para dizimar a população, e o governo lhe dá cidadania brasileira, emprego público para a sua mulher e imunidade contra investigações constrangedoras. Seqüestre um brasileiro rico e cinco minutos depois os outros ricos estão nas ruas clamando pela libertação – não do seqüestrado, mas do seqüestrador (passado algum tempo, o próprio seqüestrado convida você para um jantar na mansão dele). Crie uma gigantesca organização clandestina, armando com partidos legais uma rede de proteção para organizações criminosas, e a grande mídia lhe dará todas as garantias de discrição e silêncio para que o excelente negócio possa progredir em paz: sobretudo, ninguém, ninguém jamais perguntará quem paga a brincadeira. Tire do lixo o cadáver do comunismo, dando-lhe nova vida em escala continental, e os capitalistas o encherão de dinheiro e até se inscreverão no seu partido, alardeando que você mudou e agora é neoliberal. Crie a maior dívida interna de todos os tempos, e seus próprios credores serão os primeiros a dizer que você restaurou a economia nacional. Encha de dinheiro os invasores de terras, para que eles possam invadir mais terras ainda, e até os donos de terras o aplaudirão porque você “conteve a sanha dos radicais”. Mande abortar milhões de bebês, e os próprios bispos católicos taparão a boca de quem fale mal de você. Mande seu partido acusar as Forças Armadas de todos os crimes possíveis e imagináveis, e os oficiais militares, além de condecorar você, sua esposa e todos os seus cupinchas, ainda votarão em você nas eleições presidenciais. Destrua a carreira de um presidente “direitista” e uns anos depois ele estará trocando beijinhos com você e cavando votos para a sua candidata comunista no interior de Alagoas.
Um macaco? Um desprezível macaquinho? Que é isso, Stallone? Você não sabe de quanta gratidão, de quanta generosidade o brasileiro é capaz, quando você bate nele para valer.
Fora essa ressalva quantitativa, no entanto, a declaração do ator de “Rambo” é a coisa mais verdadeira que alguém disse sobre o Brasil nos últimos anos: este é um país de covardes, que preferem antes bajular os seus agressores do que tomar uma providência para detê-los.
O clássico estudo de Paulo Mercadante, A Consciência Conservadora no Brasil, já expunha a tendência crônica das nossas classes altas, de tudo resolver pela conciliação. Mas a conciliação, quando ultrapassa os limites da razoabilidade e da decência, chega àquele extremo de puxa-saquismo masoquista em que o sujeito se mata só para agradar a quem quer matá-lo.
Curiosamente, muitos dos que se entregam a essa conduta abjeta alegam que o fazem por esperteza, citando a regra de Maquiavel: se você não pode vencer o adversário, deve aderir ao partido dele. Esses cretinos não sabem que, em política prática, Maquiavel foi um pobre coitado, que sempre apostou no lado perdedor e terminou muito mal. A pose de malícia esconde, muitas vezes, uma ingenuidade patética.

Fonte: www.olavodecarvalho.org