Deus tudo sabe e conhece
Joubert de O. Sob°, pr.
Devocional CRE de 16.08.2010
SENHOR, tu me sondaste, e me conheces.
Tu conheces o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento.
Cercas o meu andar, e o meu deitar, e conheces todos os meus caminhos.
Sem que haja uma palavra na minha língua, eis que, ó Senhor, tudo conheces.
Salmo de Davi – 139.1-4
Quando é melhor não saber
Saber que Deus conhece todas as coisas é uma verdade admirável. A princípio pode trazer algum temor, porém, o melhor é a sensação de segurança para os que nele confiam. Davi, autor deste salmo, estava extasiado em pensar nisto: Tal ciência é para mim maravilhosíssima; tão alta que não a posso atingir, v.6.
Nós naturalmente somos curiosos. Queremos saber das coisas, entender como funcionam e como são controladas. Desejamos conhecer os mistérios. Claro; isto é bom e necessário. Saber como o corpo humano funciona e se comporta diante das circunstâncias nos ajuda a evitar doenças e sofrimentos.
Porém, somos limitados. Ainda não desvendamos os grandes mistérios da existência. Pior. Não sabemos o que fazer com certos conhecimentos que hoje temos acesso. Por exemplo: podemos através de exames e análises genéticas saber a tendência de desenvolvermos algumas graves doenças na maturidade e velhice. Para a maioria destas doenças não existe cura. Portanto, de que adianta saber que poderemos sofrer de determinada enfermidade no futuro se não teremos como evitá-la? Nossa vida atual se tornaria um tormento. Nesse caso é melhor não saber.
Deus sabe tudo. Sabe de nossas fraquezas e fortalezas, sentimentos e desejos, bons ou ruins. Conhece nossas células uma por uma, saudáveis ou enfermas. Jesus afirmou que até os cabelos de nossa cabeça estão todos contados, Mt 10.30. Ele também disse que não deveríamos nos preocupar com o dia de amanhã; basta que enfrentemos o mal de cada dia, Mt 6.34. E, diferentemente de nós, ele conhece e pode interferir e alterar as tendências previstas para a nossa vida conforme sua vontade.
O desejado casaco vermelho
Certa vez um homem deu à sua esposa 12 dólares que havia poupado*. Ele queria presenteá-la com um casaco bem espesso para enfrentar o inverno. Ela e a filha saíram para comprar o presente, apesar de imaginar que o dinheiro não seria suficiente para o casaco que desejava. Ela entrou um tanto duvidosa na loja que o marido havia sugerido. Dispensou uma vendedora que quis ajudá-la dizendo que estava só olhando.
A filha foi a primeira a ver dentre casacos expostos, o casaco vermelho, encorpado, do jeito que ela queria. Era o último daquele tipo e cor e estava entre outros casacos mais leves. Acima do cavalete estava escrito: Liquidação. A mãe, ao tirá-lo do cabide logo percebeu que era do seu tamanho. Era bem costurado e tinha o caimento perfeito. E o preço? 12 dólares! A menina foi a primeira a ver e logo foi dizendo: – Mamãe, este é o seu casaco; dá para comprar!
Apesar de contente por encontrar o casaco que tanto desejava, respondeu à filha: - Sim, filha é lindo. Mas tem alguma coisa errada. Veja os casacos mais finos ao redor. Custam o mesmo que este casaco vermelho. O preço deve estar errado, filha. A menina não entendia o raciocínio da mãe. – Mas mãe, o preço está aqui. É só levar ao caixa e pagar! Pensativa começou levar o casaco para o caixa. Mas viu outra senhora pagando por um simples chapéu o valor de 32 dólares e pensou: se um chapéu vale 32 dólares como um casaco como este pode custar 12? Deu meia volta e desistiu.
Parece que todas as cargas dos tempos de penúria caíram sobre ela enquanto devolvia o casaco ao suporte: - Deve haver algum engano. Não tenho dinheiro para pagar o preço correto deste casaco. Ele deve valer no mínimo o dobro deste valor. Definitivamente a filha não compreendia aquela menos-valia da mãe, a autocomiseração: – Mas, mãe... Sentia-se uma intrusa ali. Enquanto pegava a mão da filha e a puxava em direção à porta foi dizendo: – É tudo muito caro aqui, vamos embora.
Antes de chegarem à porta, elas perceberam uma distinta senhora conhecida da igreja chegar perto dos casacos e pegar justamente o casaco vermelho. Ela olhou o preço e elas puderam ouvi-la dizer à vendedora que a acompanhava: - Por que este casaco lindo está tão barato? A vendedora respondeu: - É uma promoção. Alguém o devolveu sem usar e, como está fora de moda... O preço é uma pechincha... A senhora o deu nas mãos da vendedora dizendo: - Vou levar este também.
Deus conhece nossos desejos e fragilidades
- Mamãe, aquele casaco é seu... A mãe começou a se condenar por não ter crido que aquele casaco era o que Deus havia providenciado para ela. Sentia-se culpada. O que diria ao marido? Tinha sido tola e orgulhosa. Com a mente em turbilhão saiu lentamente da loja e atravessou a rua em direção ao ponto do ônibus disposta a voltar para casa. Havia perdido uma imensa oportunidade. Não esperava encontrar outra no mesmo dia. Sentaram-se no banco do ponto de ônibus. – Por que você não comprou o casaco, mamãe?
- Eu não sei, querida...
- Com licença, disse alguém. - Por favor, perdoe-me o que vou fazer. Gostaria de dar isto a você. E estendeu uma sacola grande para a mulher que segurava a mão da filha. A mãe espantada segurou a sacola e viu que nela estava o casaco vermelho. A distinta senhora continuou: - Eu as vi na loja... Não sei se você vai acreditar, mas... O Senhor falou ao meu coração dá-lo a você. Não me leve a mal.
Constrangida a mãe disse: - Eu vi este casaco... Posso pagá-lo para a senhora... Eu tenho este dinheiro... Com lágrimas nos olhos a senhora recusou imediatamente: - Não, por favor, aceite. Devo dá-lo a você. Pareço uma maluca... Mas, entenda como um presente do Senhor. Adeus. Que o Deus a abençoe e sua família. A menina sorria. A mãe chorava agradecida.
Deus providenciou o casaco que ela desejava mesmo depois dela haver perdido a oportunidade de obtê-lo. Deus passou por cima da fragilidade de sua autoestima para lhe dar o casaco desejado sem usar o dinheiro que ela considerava insuficiente. Deus sabe tudo. Ele nos sonda e conhece.
* O Casaco Vermelho, escrito por Melody Carlson, em Histórias para o Coração 2 de Alice Gray, pg. 73, Ed. United Press.
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