Joubert de Oliveira Sobrinho, pr.
Equipe CRE em 20.06.09
Família Campo Belo em 21.06.09
E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por seu decreto. Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. Rm 8.28,29
Sempre que coisas ruins acontecem, uma série de questionamentos é gerada. Procuramos entender o porquê dos acontecimentos, mas nem sempre temos respostas. Recentemente a queda do Air France reiniciou o processo de questionamentos. Alguns procuram alguma explicação lógica. Os mais frios, uma resposta técnica. Mas, não poucos, culpam a Deus dizendo: Se Deus existe, por que não evitou este acidente?
Abaixo estão duas variações da tradução do texto do livro de Romanos acima descrito:
· “Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam” NVI
· “Deus coopera com você, que o ama, para trazer a existência o que é bom...”
Sem dúvida, a afirmação categórica é que Deus está no controle de tudo o que acontece, quer seja bom ou ruim, para o benefício de seu povo.
Este texto guarda um princípio da Palavra de Deus especialmente aplicável aos momentos difíceis de nossas vidas. Tê-lo no coração significa consolo certo e esperança em tempos de crise. Convém lembrarmos da famosa história do rei que perdeu o polegar.
Tudo o que Deus faz é bom
Era uma vez um rei gostava muito de caçar. Dentre seus amigos que levava às caçadas, havia um que era muito piedoso e temente a Deus (o monarca, por sua vez, não se detinha nas questões da fé).
Sempre que o rei conseguia abater um animal, aquele sujeito gritava:
- Aleeeluuuuia! Tudo que Deus faz é bom!
E o rei se envaidecia destas palavras.
Um dia, quando o rei disparou sua arma de caça, o tiro saiu pela culatra, arrancando-lhe o polegar da mão direita. Enquanto voltavam para casa, carregando o rei numa maca, o sujeito disse: - É... Tudo que Deus faz é bom!
O rei ficou furioso, mandou prendê-lo num calabouço e jogar a chave fora.
Passado o trauma inicial do acidente, o rei e os seus demais amigos voltaram a caçar.
Numa destas viagens, o grupo caiu nas mãos de uma tribo de canibais e, um a um, eles foram sendo devorados pelos selvagens. O rei ficou por o último. Mas, quando chegou sua hora, ao vir examiná-lo, o sacerdote dos canibais percebeu que lhe faltava o polegar da mão direita, desqualificou-o como oferenda e ordenou que o libertassem.
Ao voltar para seu reino, o rei mandou soltar seu amigo e contou-lhe toda a história.
- Se o senhor não tivesse perdido o polegar naquele dia, estaria morto esta hora. Eu lhe disse meu rei, tudo o que Deus faz é bom!
O rei se desculpou com seu amigo, por ter-lhe mandado prender e fez-lhe uma pergunta: - Meu amigo, eu ainda tenho uma questão não resolvida em meu coração. Se tudo o que Deus faz é bom, porque Ele permitiu que eu mandasse lhe prender, injustamente, por dois anos atrás das grades?
O amigo logo respondeu: - Ah, meu rei, tudo o que Deus faz é muito bom!!! Se eu não estivesse aqui, preso, estaria agora na barriga dos canibais. (autor desconhecido).
Para o pensamento judaico com base no Antigo Testamento, os justos seriam grandemente recompensados por quaisquer sofrimentos neste mundo. Deus, sendo soberano, conduziria a História a um clímax quando justificaria seu povo e faria com que obtivesse vantagem de seu sofrimento passado, recompensando-o. Alguns chegavam a conjecturar que tais sofrimentos “pagariam” os pecados da pessoa (somente o sacrifico de Jesus pode operar isto, Rm 3.25).
A fonte dos males no mundo
A Bíblia nos revela que a raiz de todos os males é o pecado que entrou em nossas vidas através de Adão e Eva. No entanto temos compreendido pelos relatos bíblicos que há sofrimentos que nos sobrevém de situações variadas.
· Às vezes sofremos por causa de nossos pecados,
Gálatas 6:7.8 Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia na sua carne da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito do Espírito ceifará a vida eterna.
Assim aconteceu com Davi, 2Sm 11. Ele, sua família e até o reino sofreram muito o fruto de seu pecado.
· Outras vezes, sofremos pelos pecados dos outros (pecado coletivo).
Moisés, Arão, Josué e Calebe tinham plenas condições de entrar na terra prometida logo que saíram do Egito, Nm 14. No entanto, por causa do pecado do povo, tiveram que peregrinar pelo deserto por quarenta e cinco anos antes de tomarem posse dela, Josué 14.
· Às vezes sofremos para que outros sejam libertos ou beneficiados.
Certamente, só pelo fato de pertencermos a Cristo e servi-lo, traremos para nós motivo de sofrimento. Jesus não nos enganou a respeito disso: Se vós fósseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia. João 15.19.
A história de José, a partir de Gênesis 37, é das mais significativas neste sentido. Ele sofreu muito por causa dos irmãos, Gn 42.21. Porém, por duas vezes revelou o seu entendimento a respeito do ocorrido. José considerava que era Deus que o havia enviado para o Egito, apesar dos irmãos terem intentado o mal contra ele, Gênesis 45.4-8; 50.19-21. Para José Deus reverteu o mal em bem e cumpriu a sua vontade. Ele entendeu que seu sofrimento foi necessário para o fim que se evidenciava: preservar a descendência de sua família. Hoje, sob a perspectiva bíblica, entendemos que, mais do que preservar sua família, José sofreu para resguardar a linhagem na qual, a seu tempo, o Messias Jesus Cristo se manifestaria.
A promessa da Palavra é que todas as coisas que acontecerem conosco vão contribuir juntamente para o bem daqueles que amam a Deus. É difícil pensar isto quando nossos pais estão se separando, estão desempregados ou quando nossos amados estão seriamente doentes ou até morrem. Nessas horas muitos se sentem “azarados”, solitários, abandonados, não amados ou até mesmo culpados.
O benefício último das provações
Podemos não vir a conhecer especificamente a razão de nossos sofrimentos. Jó não o soube apesar de Deus falar com ele por muito tempo sobre muitos assuntos, Jó 38. Para o apóstolo Paulo o derradeiro bem das provações é a obra delas de conformação do crente à imagem de Cristo no final: Rm 8.29 - Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.
Um pouco de sofrimento antes da glória
Rm 8.18 Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada. (ainda não plenamente conhecida).
Paulo entendia que para participar da herança da glória futura deveríamos compartilhar os sofrimentos do Messias (incluindo sua morte), Cl 1.24-27 Regozijo-me, agora, no que padeço por vós e na minha carne cumpro o resto das aflições de Cristo, pelo seu corpo, que é a igreja; da qual eu estou feito ministro segundo a dispensação de Deus, que me foi concedida para convosco, para cumprir a palavra de Deus: o mistério que esteve oculto desde todos os séculos e em todas as gerações e que, agora, foi manifesto aos seus santos; aos quais Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, esperança da glória;
A atitude cristã diante do sofrimento
De acordo com o texto de Lc 21.8-19, Jesus nos deu nove sinais para os quais deveríamos estar atentos antes de sua vinda: falsos mestres e líderes, guerras (confronto de nações), sedições (tumultos populares, revoltas), grandes terremotos, fomes, pestilências, coisas espantosas e grandes sinais do céu, perseguição aos cristãos. Porém, com base no texto concluímos que, em relação ao sofrimento:
· a desgraça é uma oportunidade, “E vos acontecerá isto para testemunho”, (v.13); note que a afirmativa de Jesus é de que estas coisas acontecerão aos cristãos. É o que inferimos da lista toda e não somente da perseguição.
· a postura de vitória é a de perseverança (paciência) diante das crises, (v.19).
Quando nos sentimos culpados
Há uma tendência a nos sentirmos culpados pelo mal que sofremos. Achamos que estamos sendo acusados e punidos por Deus ou por Jesus. No entanto, Paulo deixa muito claro que nem Deus nem Jesus tomam esta postura acusadora, Rm 8.31-39.
· Deus não é o seu acusador
Rm 8.31-33 Que diremos, pois, diante dessas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos dará juntamente com ele, e de graça, todas as coisas? Quem fará alguma acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica.
Justificar é um ato próprio de um juiz, é um termo forense que significa “absolver”, “declarar justo”, o oposto exato de “condenar”. Como pode o Deus que nos deu o seu Filho e nos justifica ser ao mesmo tempo o acusador? Rejeite essa idéia.
· Jesus não é o seu acusador
Rm 8.34-35 Quem os condenará? Foi Cristo Jesus que morreu; e mais, que ressuscitou e está à direita de Deus, e também intercede por nós. Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada?
Jesus entregou-se como sacrifício por nós, venceu a morte e ressuscitou e, hoje, intercede por nós à direta do Pai. Como pode interceder e nos acusar ao mesmo tempo? Um dia Jesus voltará como Juiz, mas hoje ele é nosso Advogado, 1Jo 2.1.
Que fique claro: o acusador é o diabo, Ap 12.10.
· Por amor a Deus enfrentamos a morte todos os dias sendo mais que vencedores
Rm 8.36-37 Como está escrito: Por amor de ti enfrentamos a morte todos os dias; somos considerados como ovelhas destinadas ao matadouro, (Sl 44.22). Mas, em todas estas coisas somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou.
Paulo afirma que ainda que morramos somos mais que vencedores!!! Quando ele diz “em todas estas coisas” ele está listando todos os tipos de sofrimento incluindo a morte.
· Nada pode nos separar do amor de Cristo
Rm 8.38-39 Pois estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.
Não é porque sofremos nesta terra em maior ou menor intensidade, seja qual for a causa (podendo até morrer), que devamos duvidar do amor de Jesus por nós. Nada poderá nos separar de seu amor. Nem a morte, nem o diabo do inferno, nem todo o universo criado pode impedir o amor de Jesus por nós. Esta é a verdade que nos consola na tribulação. Esta é a certeza que a que podemos nos refugiar nas crises da vida.
Os ingredientes do bolo
Assim sentia aquela menina que chegou triste em casa.
Foi só encontrar a mãe na cozinha para começar a lamentar:
- Por que tudo isto está acontecendo comigo? Não agüento mais!
- O que aconteceu filha? Exclamou a mãe interessada.
A menina logo foi falando separando um dedo da mão esquerda para cada frase:
- Fui mal na prova de matemática, mesmo tendo estudado.
- A minha melhor amiga, vai sair da escola porque está mudando para outra cidade.
- A vovó está doente.
- E eu perdi a minha melhor lapiseira.
- Por que tudo tem que acontecer comigo? O que eu fiz de errado para merecer isto?
A mãe ouviu atentamente e, sem comentar, perguntou:
- Quer um pedaço de bolo?
– Oba, tem bolo? Eu amo seus bolos!
A mãe pegou uma colher e a garrafa de óleo e disse: - Tome umas colheres de óleo.
- Credo! Disse a menina fazendo careta.
- Que tal uns ovos crus? Propôs a mãe alcançando a cesta de ovos.
- Bah!
- Então experimenta a farinha de trigo e um pouco de bicarbonato de sódio...
- Que nojo, mãe! Que é isso?
Então a mãe respondeu:
- Deus trabalha do mesmo jeito. Às vezes a gente se pergunta por que ele quis que nós passássemos por momentos difíceis, mas Deus sabe que quando ele põe todas essas coisas na ordem exata, elas sempre nos farão bem. A gente só precisa confiar nele e todas essas coisas ruins se tornarão em algo fantástico! (autor desconhecido).
Deus é poderoso para unir os ingredientes peculiarmente desagradáveis da vida e, por sua vontade, transformá-los num apetitoso, atraente e inigualável “bolo” que há de maravilhar e abençoar a muitos e, quem sabe, gerações, na história da Igreja na terra!
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