24 Jan 2011 11:20 PM PST
24 de janeiro de 2011 (Notícias Pró-Família/Breakpoint.org)
Provavelmente, você nunca ouviu falar de Lothar Kreyssig — eu não tinha, até recentemente. Contudo, depois de conhecer a história dele, percebi que Kreyssig era um herói para os nossos tempos: um homem que, correndo um risco quase que inacreditável, defendia firmemente a santidade da vida humana.
Em outubro de 1939, o Terceiro Reich criou o que veio a ser conhecido como o programa “Ação T4”. Para fomentar o que os nazistas chamavam de “higiene racial”, os burocratas do Reich, trabalhando com médicos, eram autorizados a identificar e matar aqueles que eram considerados “indignos de viver”, isto é, pacientes institucionalizados com “graves deficiências”.
É claro que expressões como “indigno” e até mesmo “graves” são subjetivas. Na realidade, elas são licença para assassinatos em massa. Hitler exigiu que pelo menos 70.000 pessoas fossem mortas sob este programa, de modo que médicos e autoridades se lançaram para cumprir as cotas do Führer.
Temendo reações na Alemanha e outros países, os nazistas tentavam esconder o que estava ocorrendo: mentiam para as famílias dos pacientes e, prenunciando Auschwitz, disfarçavam as câmaras de gás como chuveiros.
Quando penso no que aconteceu com aquelas pessoas, principalmente com as crianças — alguns como meu neto autista Max — fico com o coração partido — fico horrorizado.
Os nazistas também se esforçavam para dar uma aura de legalidade para os assassinatos: Hitler pessoalmente ordenou que os juízes alemães não levassem a juízo médicos por matarem seus pacientes. E é aí que entra Kreyssig: Ele era um juiz altamente respeitado em sua terra natal, a Saxônia.
Mas ele era mais do que um juiz — Kreyssig era um dos líderes da Igreja Confessante, que resistia às campanhas do Reich para “nazificar” as igrejas protestantes. Ser um membro da Igreja Confessante, sem mencionar ser líder, era viver com uma marca de tiro ao alvo pintada nas costas.
À medida que mais e mais certificados de óbito para pessoas mentalmente doentes passavam pela sua mesa, Kreyssig percebeu que algo horrível estava acontecendo.
Ele escreveu para o ministro da Justiça do Reich protestando não só contra o programa Ação T4, mas também contra o tratamento dos prisioneiros dos campos de concentração. Ele então acusou um médico de assassinato em conexão com as mortes de seus pacientes.
Então ele foi chamado para o gabinete do ministro, onde ele foi informado de que o próprio Hitler havia autorizado o programa. Ao que Kreyssig respondeu: “A palavra do Führer não cria um direito”.
A coragem de dizer isso para uma autoridade governamental na Alemanha nazista era extraordinária. Kreyssig foi forçado a se aposentar. Embora a Gestapo tivesse tentado fazer com que ele fosse enviado a um campo de concentração, o medo de atrair a atenção para o programa T4 provavelmente salvou a vida de Kreyssig.
Ele passou o resto da guerra em casa cuidando de sua fazenda e, oh sim, escondendo judeus em sua propriedade.
O único juiz a resistir aos nazistas viveu quarenta e um anos a mais do que o “Reich de 1.000 anos”. Vinte anos depois de sua morte, a Alemanha realizou um memorial honrando sua bravura e compaixão.
Numa cultura onde ser “maria-vai-com-as-outras” era literalmente uma estratégia de sobrevivência, Kreyssig recusou ficar de boca fechada. Quando a maioria dos protestantes alemães adaptou sua fé às exigências do Reich, ele recusou cooperar e deixou claro que havia uma lei mais elevada.
Felizmente, a defesa da santidade da vida hoje em dia não requer nada parecido com o que Kreyssig passou com sua coragem. Mas requer coragem. E requer também compreender a Aquele cuja Palavra realmente cria um direito.
Este artigo foi reproduzido com permissão de breakpoint.org
Traduzido por Julio Severo: www.juliosevero.com
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