Espontaneidade fabricada: como a
opinião da população é manipulada pelos engenheiros sociais
Dr. Fábio Blanco
É notório que as técnicas de manipulação psicológica em massa
estão bem avançadas. Lançando mão das experiências de Pavlov, das intuições de
Milton Erickson e de outras experiências desenvolvidas por experts no
comportamento humano, institutos travestidos de beneficentes arrancaram a
Psicologia dos laboratórios e clínicas e a conduziram para os centros de
estudo, onde o objetivo tem sido desenvolver métodos de controle e
direcionamento coletivos, aplicando-os desavergonhadamente na população.
Obviamente, o indivíduo ordinário, normalmente alheio às
questões desse nível, sequer faz ideia de que seus gostos e escolhas podem não
ser tão livres quanto ele imagina. É provável que seja mesmo completamente
dirigido e sequer desconfie que isso aconteça.
Se observarmos, por exemplo, a mudança de opinião que vem
ocorrendo na sociedade, em relação a comportamentos que antes eram tidos
universalmente como reprováveis, como é o caso do homossexualismo, do divórcio,
do aborto etc., é difícil acreditar que tais mudanças aconteceram
espontaneamente, e não como reações provocadas por um meticuloso trabalho de
engenharia social.
Ilustrativamente, o exemplo dos estudos de Leon Festinger
mostram uma das formas possíveis dessa manipulação. Em suas experiências, o
professor concluiu que uma pessoa, ao fazer uma escolha, se expõe aos elementos
cognitivos contrários a essa escolha, os quais, dependendo de sua relevância,
podem causar maior ou menor pressão psicológica, o que ele denomina dissonância
cognitiva, e reclamam invariavelmente por alívio. Para diminuir essa pressão, o
indivíviduo buscará elementos cognitivos apropriados que corroborem sua opção
e, assim, diminuindo a força dos dados contrários, diminua consequentemente a
dissonância.
Compreendendo o resultado desses estudos e observando o
comportamento da sociedade, considerando, também, a constância da propaganda em
favor das bandeiras libertinas, a qual todas as pessoas têm sido expostas há
vários anos, não é difícil imaginar a intensidade da dissonância provocada, já
que a convicção original da imoralidade dessas condutas situa-se exatamente na
posição contrária do que é divulgado ininterruptamente pelos meios de
comunicação em massa. A opção por uma posição moralmente conservadora é
confrontada, ininterruptamente, com a ideia de que essa posição é errada,
passível inclusive de reprimenda. Um cidadão comum, moralmente conservador,
sofre todo o tempo, em nossa sociedade contemporânea, a pressão de ter sua
posição contestada e reprovada por uma falsa opinião pública fabricada nas
salas dos engenheiros sociais.
O sr. Festinger, porém, foi além em suas experiências e ainda
detectou algo mais interessante. Quando alguém é exposto, por meio de ameaças
ou promessas, à imperiosidade de publicamente acatar uma ideia, o que ele chama
de condescendência forçada, mantendo, no entanto, uma opinião privada que seja
conflitante com a declaração pública, isso gera invariavelmente também uma
dissonância, que, obviamente, reclama por solução. Ocorre que, concluiu o
pesquisador - e aqui está o dado surpreendente -, forçar um indivíduo a
argumentar abertamente em favor de uma opinião contribuirá, muitas vezes, não
para que a dissonância se torne mais forte, mas para que haja uma mudança da
opinião privada em favor dessa mesma opinião pública, como forma de aliviar a
pressão existente.
Assim, não é difícil entender a manipulação que está sendo
empreendida na sociedade contemporânea. Obrigando a pessoa que originalmente
defendia uma posição conservadora em relação aos temas morais, por meio de
ameaças, como o de receber o estigma de intolerante, homofóbico, retrógrado e
até criminoso, a publicamente acatar a ideia da normalidade e até dignidade de
tais condutas, a engenharia social aplicada impõe sobre ela uma pressão
psicológica que clama por alívio. Porém, ao impeli-la a agir constantemente em
favor dessa condescendência forçada, a solução encontrada pela pessoa, muitas
vezes, não será o conflito aberto contra aquilo que está contra suas convicções
íntimas, mas, pelo contrário, como a experiência descrita demonstrou, sua
adesão àquilo que lhe era contrário. Forçá-la a não criticar condutas tidas por
ela como reprováveis, fazendo com que seja obrigada a, quando instada a falar
sobre os tema, sempre ter que fazer ressalvas que diminuem a crítica, quando
não invertem-na para um elogio, como vimos, pode conduzi-la a acatar exatamente
a ideia que antes criticava.
Por isso, quando observamos a sociedade aderindo, em massa, à
aprovação de todo o tipo de conduta que antes era tida simplesmente por imoral
e reprovável, sabemos que isso não se dá porque essa mesma sociedade, por meio
da reflexão, do debate e da razão chegou a essa conclusão, mas, unicamente,
porque foi conduzida, como um gado pelo pasto, pelos peões comprometidos com a
criação de uma sociedade segundo suas próprias dementes utopias.
Fonte: Fábio Blanco
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