CRE – Centro Renovo de Educação
Devocional da Capelania
25 de maio de 2009
Pr. Joubert de Oliveira Sobrinho
O vinho é escarnecedor, e a bebida forte, alvoroçadora; e todo aquele que neles errar nunca será sábio. Provérbios 20.1
A descrição que o livro de Provérbios traz é bem clara: o vinho é escarnecedor, isto é, torna o viciado motivo de chacota, piadas, zombaria e desprezo. O vinho é alvoroçador, isto é, quem vive na dependência da bebida alcoólica cultivará para si confusão, desordem, tumulto e inquietação. Não há sabedoria em se entregar a ele.
Eu tinha em torno de onze anos quando conheci um pouco os sofrimentos causados pelo alcoolismo. Ao lado de minha casa havia uma vila. Lá morava um alcoólatra a quem chamarei de seu Chicão, preservando seu verdadeiro nome. O seu Chicão era um homem alegre, gostava de contar histórias, piadas, parecia um homem feliz. Mas ele exalava quase sempre um forte cheiro de álcool. Às vezes ele não conseguia chegar até sua casa no fundo da vila. Sua esposa e filhas vinham pegá-lo. Elas transpareciam no semblante a decepção, o desgosto e o conformismo. Era deprimente ver as crianças caçoando de seu estado lastimável. Outras vezes acabava fazendo as necessidades nas calças e passava por nós malcheiroso, rosto e braços machucados devido às inúmeras quedas. Quando estava sóbrio era calado, respeitador e comedido, mas ao beber se tornava o alegre e falador seu Chicão.
Minha mãe, semanalmente, reunia em casa as mulheres da igreja para um culto e convidava os vizinhos. E ela não perdia a oportunidade. Sempre que o seu Chicão passava bêbado no portão, ela o trazia para dentro e o fazia se assentar no banco do quintal. Ali, cambaleante, molhado e fedido ele ouvia os hinos, a pregação da Palavra e não saía sem que as irmãs o rodeassem e fizessem por ele uma boa oração para que Deus o livrasse daquele vício. Quase sempre ele chorava como uma criança. Na semana seguinte lá estava o seu Chicão novamente, se arrastando, sujo, machucado, exalando de longe o forte cheiro de álcool.
A Bíblia está repleta de orientações para que se tenha cuidado com as bebidas. O alcoolismo é uma luta tanto do alcoólatra quanto da família. Todos adoecem juntos numa casa onde alguém tem este vício. Esta é uma “droga” socialmente permitida e que ceifa muitas vidas e famílias com seus tristes desdobramentos e trágicas conseqüências. Onde há abuso de bebidas alcoólicas existe violência doméstica, acidentes, prejuízos, abuso sexual, enfermidades e morte. Sabe-se que este vício é transmitido geneticamente aos descendentes tornando filhos e netos alcoólatras em potencial, isto é, mesmo sem nunca terem antes bebido, bastará um pouco de bebida para os “fisgar” e transformá-los rapidamente em alcoólatras. O vício é tão forte que o livro de Provérbios descreve uma pessoa que bebeu, apanhou sem sentir e antes de despertar já faz planos de beber novamente: Espancaram-me, e não me doeu; bateram-me, e não o senti; quando virei a despertar? Ainda tornarei a buscá-la (bebida) outra vez, Pv 23.29-35 (vale a pena ler o texto todo).
Li sobre uma jovem cientista que chegou a ganhar um prêmio por seu experimento. Ela passou a alimentar as aranhas de seu quintal com moscas nas quais injetava bebida alcoólica. As aranhas após se alimentarem das moscas passavam a se agitar incontroladamente, teciam sem parar, mas não as obras de arte das teias, estruturas complexas e engenhosas como de costume, mas teias sem ordem ou planejamento, totalmente defeituosas; algumas aranhas teciam até morrer. Apesar da distância entre aranhas e seres humanos, o fato é que o álcool não é bom para ambos.
Nós deixamos de ser vizinhos do seu Chicão. Muitos anos depois minha mãe passava por um determinado centro comercial quando um homem distinto, bem vestido, transparecendo no rosto muita saúde, se aproximou dizendo: - A senhora lembra de mim? O rosto era conhecido, mas ela não conseguia localizar de onde ele era.
– Ô, irmã Heny, eu sou o Chicão! A senhora orava por mim nas reuniões em sua casa, lembra? Eu vivia bêbado! Então o seu Chicão abaixou a voz e serenamente segurou as mãos de minha mãe dizendo:
- Irmã Heny, muito obrigado por ter insistido em orar por mim. Depois que a senhora mudou eu conheci uma igreja. Entreguei minha vida para Jesus e ele me livrou daquele maldito vício e daquela vida. Minha família também está na igreja comigo e, veja, trabalho nesta loja de motocicletas! Disse ele, apontando para uma grande loja brilhante e envidraçada. Com gratidão se despediu. Minha mãe seguiu dando glórias a Deus, certa de que nem mesmo um vício degradante como do álcool pode resistir ao amor de Jesus.
Você conhece alguém que está sofrendo com este vício? Ela precisa de ajuda médica, psicológica e sobretudo espiritual. Ore por ela e peça que o Senhor abra portas para sua recuperação. Para Jesus nada é impossível.
Qualquer tipo de vício é maldito e infelizmente a pessoa viciada quase nunca consegue sair sozinha dele. Só Jesus mesmo! Fumei por 20 anos e por 3 vezes tentei parar sozinha, mas só depois que conheci Jesus tive vitória, glórias ao Rei!
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