Inez e Joubert (diretora e capelão)
estão em Luanda, Angola, compondo a equipe que organiza e dirige a escola cristã de educação por princípios - CEDUC. |
Notícias de Luanda - 150329
Luanda, 29 de março
de 2015.
A todos os amados amigos e
irmãos,
Saudações desde o Continente Africano, Luanda,
Angola; na Paz e na Graça do Senhor Jesus!
Muitas
coisas aconteceram neste mês incomum. A escola CEDUC deixou seu clima de início
de aulas para estabilizar-se e acomodar-se à rotina diária. “Rotina” não é bem
a melhor palavra aplicável ao dia-a-dia escolar. Quem conhece sabe que não há
dias iguais no andamento de uma escola; cada dia tem sua própria diferença, característica
e história.
Entramos também no período de fortes chuvas.
Algumas partes da cidade não estão preparadas para escoar tanta água. Estradas ficam cheias de
barro, verdadeiras lagoas surgem do dia para a noite. O trânsito piora muito e
todos demoram tanto para chegar em suas casas quanto a chegar em seus
trabalhos. Mas é admirável a paciência e perseverança dos angolanos. Com bom
humor sempre presente no rosto e nas palavras, lá vão eles a enfrentar estradas
e ruas lamacentas com o melhor de suas roupas e calçados. E chegam incólumes em
seus destinos!
A
empresa ASPERBRAS empenhou-se em
ajudar os alunos do CEDUC doando um kit com mochila, caderno, estojo com lápis
de cor e um brinquedo: boneca para as meninas e bola para meninos. Marcamos o
dia para o evento em que nos reuniríamos para a distribuição. Resolvemos também
preparar uma apresentação das crianças cantando e dançando conforme o fazemos
nas devocionais semanais. Tínhamos menos de um mês de aulas e as crianças
cantaram e dançaram como se estivessem em casa. Este momento de gratidão a Deus
surpreendeu a todos.
Os olhos marejados, nossos e dos visitantes, indicavam um acontecimento incomum. A presença de Deus cobria e quebrantava a todos. A alegria das crianças recebendo os presentes fechou o momento com chave de ouro. Nos dias seguintes as crianças jogavam futebol nas ruas laterais da escola. Contamos numa tarde três “campos de futebol” nas ruas, ou seja, seis times jogando bola ao mesmo tempo. Uma menina lamentou não haver boneca em sua mochila e veio solicitar a troca. Alguém lhe disse: – Você é grande para brincar de boneca! Ao que imediatamente respondeu: – Mas eu nunca tive uma boneca! Foi uma bela iniciativa que marcou as famílias.
A Inez precisou ir sozinha ao Brasil a fim de finalizar a documentação para o visto de trabalho. Ficar sem ela aqui foi muito difícil. Como diziam no Piauí, casa sem mulher é que nem casa sem água! Foi um pouco assim que me senti todo este tempo: “seco”, sem graça, como um vaso que não pode conter a água porque lhe falta a outra metade.
Numa manhã de sábado a energia acabou e
fiquei preso dentro do elevador de meu prédio com mais cinco pessoas.
Imediatamente nos consolamos dizendo que logo sairíamos dali por causa do gerador
que é ligado quando acaba a luz. Mas o minutos foram passando e nada acontecia.
Tanto o calor quanto a escuridão nos abraçou. Comecei a suar da cabeça aos pés;
a roupa molhou rapidamente e literalmente pingava ao redor. Graças a Deus pelos
celulares! Alguém acendeu a lanterna. Eu liguei para um recepcionista e
consegui o celular do síndico que logo buscou ajuda. O problema estava no
elevador. Não adiantava ligar o gerador. Os minutos se somaram e uma mulher
começou ficar nervosa.
Enquanto
suávamos em bicas, comentei que minha esposa desejava que eu perdesse uns
quilos, mas não podia imaginar que ela me recomendasse essa maneira. Todos
riram nervosamente e desanuviaram a tensão. Começamos a conversar mais a partir
dali. O síndico colocou o cabo de uma ferramenta entre as portas que a abriu
por um centímetro. Por ali entrou um pouquinho de ar fresco. Uma senhora,
agachada e que pouco falava, aproximou-se da fresta. Ela estava com a
respiração ofegante. Por fim, surgiu um chinês da manutenção que conseguiu
abrir a porta e saímos por um vão entre o 4º e 5º andar, um por um, como se
tivéssemos de subir em um muro de um metro e meio de altura. Resolvi ficar por
último. Ajudei a todos fazendo “escadinha”. Na minha vez pus o pé numa
saliência, estendi os braços e me puxaram com força. Acabei de joelhos, todo
desequilibrado, com dificuldades de ficar de pé, pois estava inteiro molhado no
escorregadio piso de porcelanato do corredor; parecia um cachorro querendo
manter-se de pé numa pista de gelo... Foi hilário. Enfim, depois de 40 minutos
de sauna eu nem precisaria fazer os exercícios do dia.
Diariamente
reunimos as classes antes de começar a aula e fazemos juntos uma oração pelo
dia, pelas famílias, pela escola e pela nação. E Deus tem feito prosperar o
trabalho de cada um. Já podemos ver muitas mudanças ocorrerem nos
comportamentos, no aumento da confiança, no prazer das crianças em vir para a
escola e nas conquistas particulares do aprendizado.
Muitas são as lutas e desafios e fazer a obra de Deus não é algo simples, nem fácil. Mas quando chegamos ao CEDUC e encontramos as crianças brincando, cantando, louvando, orando e estudando, logo esquecemos as dificuldades e somos consolados da saudade de todos vocês. É recompensador fazer parte dessa equipe de trabalho e perceber que a vida das crianças e de suas famílias estão sendo alcançadas pela semeadura constante da Palavra de Deus. Graças ao Senhor!
E aqui, especialmente, vai o nosso mais
sincero Abração!
Que bom ouvir de vocês!!! Que alegria e saudades de tudo isto. Pude imaginar muita coisa com o incidente do elevador!! rsrsrss Que livramento!
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